Do RoboCop ao RoboCoach
Todos os portugueses puderam maravilhar-se com a imagem holográfica de um apresentador de televisão que foi teletransportado para um local a 400 Km de distância.
Cada vez mais se fala da Inteligência Artificial (AI) e de como está aí ao virar da esquina. Muitos são os programas televisivos e algumas notícias sobre as incursões da ciência nesta realidade virtual cada vez mais atual.
Se há alguns anos víamos a AI como algo longínquo e quase improvável, hoje já não podemos pensar assim. Até porque com a AI a concretizar-se muitas serão as alterações que se verão no nosso quotidiano. Enquanto alguns enterram as cabeças na areia, e outros desacreditam os avanços da tecnologia, há outros que sendo ou não entusiastas da AI, se predispõem a pensar e a ponderar como será o mundo quando humanos e avatares coexistirem.
A melhoria contínua sempre foi uma realidade e se a eletricidade apareceu em força em Portugal há pouco mais do que 70 anos, ou seja em meados do século passado, nos finais do mesmo século foi a internet, duas coisas sem as quais não se pode viver no atual século XXI. Esta melhoria contínua continuará a existir e ocorrerá em inúmeras áreas.
Vamos então debruçarmo-nos sobre o que será a AI no mundo do Coaching. Qual será o impacto que a AI terá no mundo do Coaching? Serão os coaches substituídos por roboCoaches? Será que alguns temas em Coaching poderão ser conduzidos por roboCoaches enquanto outros destinar-se-ão a coaches humanos? Estaremos nós mais confortáveis a confidenciar com um roboCoach do que com um coach? Como será a relação roboCoach–coachee? Como se alterará a ética profissional?
Embora ainda numa fase de mais perguntas do que respostas, o que é certo é que a AI já começa a avançar na arena do capital humano. Talvez alguns dos leitores já estejam familiarizados com o Tengai, o robô de recrutamento, criado em colaboração pela Furhat Robotics da Suécia e pela agência de recrutamento TNG. As vantagens deste robô de recrutamento residem na ausência de qualquer tipo de enviesamento nem juízos de valor durante as entrevistas de emprego, resultando em entrevistas estruturadas, anónimas, focando-se nas soft-skills e nas características pessoais do candidato. Note-se que o Tengai não sabe qual o género, nem a idade do candidato, nem mesmo o que têm vestidos na entrevista.
Do Tengai ao roboCoach vai apenas um passo. Também já existe a plataforma Sparkus desenvolvida por coaches profissionais que proporciona ao cliente um processo híbrido entre exercícios de coaching em formato digital, muito parecido com uma sessão de life coaching, combinado com a interação humana.
Portanto, é bem possível que muito em breve estejamos a ouvir falar de outro tipo de Inteligência Artificial que vem substituir os coaches na sua profissão, ou em parte dela. Por um lado, muitos dos leitores e coaches poderão argumentar que se irá perder o toque humano na relação coach-coachee. Por outro lado, outros poderão defender que algumas pessoas se sentirão mais à vontade com uma máquina (e, por conseguinte, estabelecer uma melhor relação e serem mais autênticos com o robô), que está formatado para não os julgar à partida, do que com um ser humano.
No meio disto tudo, vejo duas certezas:
1) a AI já não é uma utopia, mas sim uma realidade crescendo a um ritmo vertiginoso e
2) já existem programadores a trabalhar em robôs na área do capital humano.
Por isso a meu ver, será interessante que mais coaches profissionais em todo o mundo se juntem a esta corrida e estejam envolvidos desde cedo na programação dos roboCoaches ou os coachbots, como são designados internacionalmente. De acordo com o Professor David Clutterbuck, atualmente mais psicólogos do que coaches estão a integrar as equipas de desenvolvimento de coachbots na área do capital humano. A integração de coaches nestas equipas multidisciplinares torná-las-á certamente mais ricas.
Adicionalmente, neste verão todos os portugueses se puderam maravilhar com a imagem holográfica de um apresentador de televisão que foi teletransportado para um local a 400 Km de distância com o objetivo de entrevistar os organizadores e artistas na abertura do Festival de Música de Paredes de Coura. Esta tecnologia 5G desenvolvida pela Vodafone e pela sueca Ericsson, mostra mais uma vez como o que muitos chamam de ideias futuristas, são na verdade realidade.
Estas imagens holográficas podem muito bem ser um próximo passo no mundo do Coaching, em que o coach é teletransportado para fazer a sua sessão de coaching com o seu cliente que se encontra a quilómetros de distância.
Até esta ideia nos realmente bater à porta, recomendo a todos os coaches que se mantenham focados no desenvolvimento e excelência das suas competências de coaching e que não se acomodem, por forma a manterem-se na crista da onda, em vez de serem engolidos por ela!
*Maggie João é executive coach (PCC e EIA Senior Practitioner).
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