Costa mantém porta da esquerda aberta. Catarina Martins não passa “cheques em branco”
Costa e Catarina estão sintonizados numa nova geringonça? O líder do PS não fecha a porta a uma reedição do acordo, mas mantém o tabu. A líder do BE também não, mas diz não passar cheques em branco.
PS e Bloco de Esquerda estão disponíveis para uma segunda versão da geringonça? António Costa não desfez o tabu, mas lembrou que o PS “não fecha a porta de diálogo” à esquerda que o próprio abriu quando derrotou António Seguro nas primárias socialistas. Já Catarina Martins disse que o Bloco de Esquerda “nunca faltou a nenhuma solução de estabilidade”, mas avisou que também não passa “cheques em branco”.
Rumo às legislativas que acontecem exatamente daqui a um mês, a 6 de outubro, o debate entre os líderes do PS e Bloco de Esquerda na RTP não serviu apenas para avaliar o grau de sintonia entre ambos relativamente a uma geringonça 2.0. Houve muitas críticas de parte a parte. Exemplos: Costa acusou a adversária de ter um programa de eleitoral que é “uma lista de prendas de Natal” que é “irrealizável”. Catarina Martins respondeu que, ao contrário do PS, o Bloco tem as coisas certas e “nestas coisas, o trabalho começa em casa”.
1. Geringonça 1.0
Catarina Martins
“O caminho que tivemos foi muito importante, estamos orgulhosos dele e assumimos por inteiro.”
“Mas seguramente tivemos fracassos, como os professores e os precários. E erros, como no Novo Banco e Banif.”
“Trabalhamos bem como o PS e PCP. Deixámos sementes para o futuro.”
António Costa
“Surpreendemos porque conseguimos cumprir compromisso com os portugueses, com os parceiros sociais e com a Europa.”
“Quando me candidatei às primárias disse logo que era necessário por fim ao conceito de arco de governação. Isso provou-se que foi possível e foi um sucesso.”
2. Geringonça 2.0
Catarina Martins
“Há muito por fazer e o BE não falta a nenhuma solução que ajude as pessoas.”
“O BE estará sempre disponível para soluções que permitem estabilidade do salário, da pensão, que respondam pela vida das pessoas. Mas ninguém traz cheque em branco.”
António Costa
“Os eleitores dirão o que acontece a seguir às eleições.”
“Não vale a pena termos tabus sobre a matéria. Quem fixará os resultados eleitorais são portugueses. A porta de diálogo que abri há quatro anos não vou fechá-la agora.”
3. Maioria absoluta
Catarina Martins
“A maioria absoluta é perigosa.”
“Se PS tivesse tido maioria absoluta tinha congelado pensões.”
“Se houvesse maioria absoluta aí sim haveria instabilidade, para as pessoas.”
“Não estamos a fazer Governo à espanhola porque não vai negociar com bascos nem catalães.”
António Costa
“É muito necessário o PS ter força porque é o fiel deste equilíbrio desta solução.”
“Temos de evitar que uma situação à portuguesa, que é estável, não se converta numa instabilidade à espanhola.”
“Nunca nos batemos pelo enfraquecimento de ninguém. A nossa meta é ter a força necessária para responder aos problemas do país.”
4. Nacionalizações
Catarina Martins
“As nacionalizações são um consenso à esquerda, entre PCP e Bloco, e é razoável.”
“O que choca as pessoas é que foram precisos 25 mil milhões para a banca.”
“O PS compreendeu a necessidade de reverter privatizações nos transportes coletivos.”
“O problema não é nacionalização na REN, porque a REN já é nacionalizada pelo Estado chinês”
António Costa
“Nacionalizar a Galp, como o BE propõe, custa dez mil milhões de euros, o mesmo que o SNS. Qual é o sentido desta despesa?”
“O BE tem no seu programa emissão de dívida de 27 mil milhões para nacionalização ANA, CTT, REN, Galp. Não vou gastar dinheiro dos portugueses nas nacionalizações.”
5. Contas certas
Catarina Martins
“Este programa do PS é pouco concreto, não tem contas e não diz o que quer fazer. A minha curiosidade é essa.”
“O BE acha que as contas certas são muito importantes. O Tribunal de Contas diz que o BE é o partido das contas certas. O PS não. Nestas coisas começa-se em casa.”
“O BE explica bem o seu projeto e faz as contas.”
“O PS não apresenta as contas das medidas que apresentou. Não há verba para aumentar a Função Pública à inflação como diz Mário Centeno e depois não explica como.”
António Costa
“Temos um programa com contas feitas, é realista. Não tem um aumento de 30 mil milhões de euros da dívida pública. Todos nós gostamos disso, mas governar é fazer escolhas.”
“Um programa de governo não é uma lista de prendas de Natal. 30 mil milhões significa 15% do PIB, é irrealizável. Uma coisa é que o BE gostava de fazer, outra coisa é um programa de governo.”
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