Longe da política, quebram silêncio com eutanásia a votos no Parlamento

Antigos Presidentes, ex-primeiros-ministros e líderes partidários fora de cena voltam ao palco para, publicamente, tomarem uma posição sobre a eutanásia, agora que vai a votos no Parlamento.

Com a eutanásia de volta ao centro do debate, com cinco projetos, de cinco partidos diferentes, a irem a votos no Parlamento, alguns políticos que já tinham saído de cena decidiram regressar para darem a conhecer as suas posições. Contra ou a favor, na televisão, num artigo de opinião, ou mesmo no Facebook, antigos Presidentes, ex-primeiros-ministros e líderes do passado, quase todos da direita, fazem-se ouvir. E quase todos querem saber o que pensam os portugueses, em referendo.

Perante a possibilidade de os projetos para a despenalização da morte medicamente assistida virem a ser aprovados na Assembleia da República, um movimento de cidadãos juntou-se para pedir um referendo sobre a eutanásia. Entre os mandatários da iniciativa, que já somava quase 20 mil assinaturas na quarta-feira, encontra-se o antigo Presidente da República António Ramalho Eanes e a ex-presidente do PSD, Manuela Ferreira Leite.

Pedro Passos Coelho não assinou a petição, mas disse perceber a indignação contra a “ligeireza” com que o Parlamento admite aprovar a eutanásia, que motivou o pedido para um referendo, em declarações ao Expresso. O antigo primeiro-ministro é contra a eutanásia e lamentou que o PSD não tenha uma posição oficial sobre a matéria — Rui Rio vai, a título individual, votar a favor.

 

O ex-primeiro-ministro e ex-Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, que também é contra a despenalização da morte medicamente assistida, defendeu a realização de um referendo. “Considero a legalização da eutanásia a decisão mais grave para o futuro da nossa sociedade que a Assembleia da República pode tomar”, disse Cavaco Silva à Rádio Renascença.

Já a ex-presidente do CDS-PP Assunção Cristas, que abandonou a Assembleia da República em janeiro, decidiu quebrar o silêncio com um post na sua página no Facebook. “Cuidem de mim, não me matem”, começa por apelar a antiga líder dos centristas. O testemunho também vai no sentido de um referendo, com Cristas a defender que seja dada aos portugueses a possibilidade de se pronunciarem “sem pressa e sem pressões” sobre o que chama de “profundamente desumano”.

Outro antigo líder do CDS, Paulo Portas, também decidiu pronunciar-se sobre o assunto, no seu espaço de comentário na TVI. “Eu sou completamente contra a eutanásia, porque isso significa conferir ao Estado a obrigação de encontrar alguém que tire a vida a alguém”, disse o antigo vice-primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros.

No extremo oposto da discussão encontra-se José Sócrates. O antigo primeiro-ministro defendeu, num artigo de opinião enviado à Lusa e ao Expresso, defendeu a morte medicamente assistida como sendo aquela que pode ser “a única possibilidade de um ato de empatia, de humanidade e de amor compassivo”.

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