Mercados apostam em dois cortes de juros pelo BCE até junho
Sem margem para cortar a taxa de referência, o BCE deverá tornar ainda mais negativa a taxa de depósito, como forma de puxar pela economia e pela inflação. Primeiro corte pode acontecer esta semana.
Quatro meses após a tomada de posse, Christine Lagarde prepara-se para o primeiro grande teste aos comandos do Banco Central Europeu (BCE). É já na próxima quinta-feira que se realiza a reunião de política monetária do BCE, com o mercado a antecipar que Lagarde possa anunciar nessa ocasião o primeiro de dois cortes de juros na Zona Euro que os analistas preveem possam acontecer até junho, como forma de compensar o colapso das expectativas de inflação na região devido ao impacto do coronavírus.
O maior trambolhão dos últimos 30 anos do petróleo neste arranque de semana, com as cotações a regressarem à casa dos 30 dólares aumentou os receios de recessão devido à disseminação do novo coronavírus. Isso fez com que as expectativas de inflação da Zona Euro caíssem muito abaixo da fasquia dos 1%, distanciando-se ainda mais do objetivo de estar próxima, mas aquém, dos 2%.
Face ao atual quadro de instabilidade, os mercados monetários estão a reforçar a aposta num cenário de redução de juros pelo BCE. Atribuem agora uma probabilidade de 100% relativamente a um corte de 20 pontos base — ou de dois cortes de 10 pontos base — até à reunião de junho, revelam os futuros para a Eonia. Ainda há uma semana, os mercados antecipavam a possibilidade de apenas um corte dos juros de referência até ao final deste semestre.
Sem margem para mexer na taxa de juro de referência (refi) que se encontra em 0% desde março de 2016, o caminho para o BCE deverá passar por tornar ainda mais negativa a taxa de depósito. Esta encontra-se atualmente nos -0,5%, após um corte de 10 pontos base que ocorreu em setembro do ano passado, ocasião em que a entidade responsável pela politica monetária da Zona Euro também anunciou o regresso às compras de ativos a um ritmo de 20 mil milhões de euros por mês a partir de novembro último.
O mercado está a apostar que o primeiro corte de juros possa acontecer já na reunião do BCE da próxima quinta-feira, como forma de ajudar a fortalecer a economia e a inflação, pouco mais de uma semana depois de a Reserva Federal dos EUA ter dado um passo semelhante. Na passada terça-feira, e entidade liderada por Jerome Powell cortou em 50 pontos base para um intervalo entre 1% a 1,25%, os seus juros de referência.
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