Fed vai injetar 1,5 biliões na economia, mas ainda assim Wall Street afunda 9%
Banco central norte-americano anunciou novos estímulos monetários. Mas não conseguiu animar os investidores e os três principais índices terminaram a sessão em "bear market".
Wall Street viveu mais um dia negro. Os três principais índices afundaram cerca de 9% com o mercado em bear market. A propagação da pandemia do novo coronavírus e a decisão dos EUA de fecharem a “fronteira aérea” com a Europa penalizou as ações, apesar de a Reserva Federal norte-americana ter anunciado uma injeção de 1,5 biliões de dólares no sistema financeiro.
O Dow Jones afundou 9,99% para 21.352,33 pontos, enquanto o S&P 500 tombou 9,51% para 2.480,63 pontos. Em ambos os casos, foi a maior queda percentual do índice desde a segunda-feira negra vivida em 1987. O tecnológico Nasdaq perdeu 9,43% para 7.201,80%. Os três principais índices estão oficialmente em bear market após terem fechado a sessão 20% abaixo dos últimos picos.
“Passámos de um bull market que durou mais de uma década para um bear market em três semanas. Nunca aconteceu”, diz Steven Santos, head of trading platforms do BiG – Banco de Investimento Global ao ECO. “Em 2008, sabíamos a razão, mas agora ninguém sabe. É uma reação muito exagerada por ser tão generalizada“, alerta.
O tombo das ações começou há três semanas com o agravamento do surto de coronavírus que já foi decretado pandemia pela Organização Mundial de Saúde. Mas têm sido as medidas anunciadas pelas autoridades a determinar os preços das ações. Esta quinta-feira, o presidente dos EUA Donald Trump anunciou a suspensão das entradas nos EUA de todos os viajantes com origem na Europa, excetuando Reino Unido. A medida terá a duração de 30 dias.
A notícia caiu como bomba, nas bolsas da Ásia, Europa e, mais tarde, Wall Street. A Reserva Federal norte-americana acabou por desacelerar as perdas ao anunciar uma injeção de 1,5 biliões no sistema financeiro e alargar a compra de ativos. Mas acabou por ter “um impacto apenas momentaneamente positivo nas ações”, como explica Santos.
“Serve apenas para garantir que o sistema financeiro tem liquidez suficiente para suportar a economia real. Nestes cenários de stress, o maior risco é haver falhas de pagamento ou defaults, porque pode ter um efeito de bola de neve. Ou seja, estas são medidas para tranquilizar o mercado obrigacionista e não medidas de apoio à economia ou estímulos monetários”, acrescenta o analista do BiG.
Esta nova medida segue-se a um corte de juros surpresa anunciado pela instituição liderada por Jerome Powell. A Fed reduziu a taxa diretora em 50 pontos base para um intervalo entre 1% a 1,25%, na semana passada, e os futuros do mercado monetário indicam que o banco central poderá fazer novos cortes, com 26% de probabilidade de a taxa de juro cair para 0% em dezembro (contra uma probabilidade de 5% em janeiro).
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