Risco das dívidas agrava no Sul da Europa. Juro de Portugal supera 1%

União Europeia prepara-se para discutir uma alternativa para financiar o combate à pandemia de Covid-19. A perspetiva de custos elevados está a penalizar o sentimento dos investidores.

Os juros das dívidas dos países do sul da Europa estão a agravar-se, esta segunda-feira, numa altura em que a União Europeia se prepara para discutir uma resposta conjunta à pandemia de Covid-19. No caso de Portugal, a yield das obrigações a dez anos está, pela primeira vez em um mês, acima de 1%.

A dez anos, o juro de Portugal sobem para 1,06%, uma subida face aos 0,956% registados na sexta-feira e que é o valor mais elevado desde os 1,441% tocados 18 de março, um máximo desde março de 2019. Já no prazo de cinco anos, os juros estão a subir, para 0,647%, contra 0,542% na sexta-feira​.

O juro da dívida portuguesa está a reagir em alta à decisão da Fitch de baixar a perspetiva do rating nacional. De “positivo”, o outlook caiu para “estável”, mantendo-se o ‘BBB’, com a agência de notação financeira norte-americana a antecipar uma interrupção das tendências positivas recentes, tanto da economia como do endividamento de Portugal.

Além do receio da agência de notação financeira em relação ao impacto da Covid-19 no país, Portugal está ainda a ser castigado pelo agravamento generalizado das taxas de juro nos países do sul da Europa.

A Fitch alertou, esta segunda-feira, por outro lado, que, caso os confinamentos associados à Covid-19 continuem para lá do primeiro semestre, poderá baixar ainda mais os ratings dos bancos europeus. Se se tornar improvável que a crise sanitária seja largamente resolvida na primeira metade deste ano e os confinamentos se tornarem mais extensos, provavelmente os ratings serão reduzidos“, pode ler-se numa nota de análise ao setor bancário europeu.

A agência norte-americana aponta que, nesse cenário, “o PIB observaria ainda maiores contrações e a recuperação seria atrasada e mais lenta, resultando num número maior de devedores corporativos e de retalho a sofrer imparidades mais permanentes nos seus riscos de crédito”. A Fitch assinala ainda que a eficácia das medidas de apoio à banca por parte dos Estados na Europa ocidental “vai depender de quão rápidas são implementadas, de quanto tempo demore a crise e da forma que vai ter a recuperação”.

Em Itália, a yield da dívida a dez anos sobe para 1,94%, enquanto em Espanha agrava para 0,90% e na Grécia para 2,106%. Nos três casos, as subidas situam-se próxima de dez pontos base face à cotação de sexta-feira e está atualmente em máximos de cerca de um mês. Em sentido contrário, a Alemanha continua com uma yield em terreno negativo, em -0,46%.

Os investidores estão a espelhar o stress sobre o financiamento das medidas de contenção da Covid-19, um tema que será discutido no final da semana, na cimeira da União Europeia. Segundo o diretor do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), Klaus Regling, serão precisos, pelo menos, mais 500 mil milhões de euros das instituições europeias para financiar a recuperação económica.

O primeiro-ministro italiano Guiseppe Conte voltou, esta segunda-feira, a pedir a emissão de eurobonds, mas a possibilidade parece longe dos planos da UE.

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