Fitch baixa perspetiva de Portugal. Teme impactos do Covid-19
De "positiva", a perspetiva do rating da Fitch para Portugal caiu para "estável" com a agência a antecipar uma interrupção das tendências recentes, tanto da economia como do endividamento.
A Fitch baixou a perspetiva do rating. De “positivo”, o outlook caiu para “estável”, mantendo-se o “BBB”, com a agência de notação financeira norte-americana a antecipar uma interrupção das tendências positivas recentes, tanto da economia como do endividamento de Portugal.
“A revisão do outlook reflete o impacto significativo do Covid-19 na economia portuguesa e na situação orçamental do país”, refere a agência numa nota publicada no seu site. “O choque deverá interromper a tendência de melhoria do crescimento económico, do rácio da dívida face ao PIB, mas também da resiliência do setor financeiro”, acrescenta.
A Fitch antecipa que o confinamento tenha um impacto expressivo no PIB, tendo em conta a dependência da economia do turismo que contribuiu para 16,5% do produto e 18,6% do emprego. Aponta para uma contração de 3,9% em 2020, antecipando uma forte quebra no segundo trimestre deste ano, “antes do gradual regresso da atividade na segunda metade de 2020 e em 2021”.
A contração antecipada pela agência norte-americana pode, contudo, ser mais expressiva. “Uma segunda vaga de infeções, um período de confinamento mais longo ou o agravamento da crise sanitária noutros países europeus, levaria a uma quebra ainda mais expressiva em 2020 e, potencialmente, a uma recuperação mais fraca em 2021“.
Défice, mais dívida e um alerta à banca
A Fitch antecipa que enquanto o PIB cai, o défice vai voltar. Depois do excedente em 2019, a agência antecipa que Mário Centeno chegue ao final do ano com um “buraco” nas contas públicas de 4% do PIB. Isto por causa de todos os gastos extra na resposta à pandemia, sendo a despesa com o lay-off aquele que maior peso terá.
Neste sentido, a Fitch alerta que a tendência de queda do rácio da dívida vai ser quebrada. A pandemia “vai interromper a recente queda recorde do rácio de endividamento”, diz a agência, apontando para que o rácio que estava em 117,7% no final do ano passado vai subir até aos 124,9% no final deste ano.
Pior ficará também a banca. A Fitch alerta para as moratórias concedidas nos financiamentos para as famílias e as empresas, salientando que tal poderá levar à deterioração da qualidade dos ativos dos bancos no curto prazo. “No entanto, uma crise mais prolongada pode mesmo vir a ameaçar a viabilidade do setor”.
(Notícia atualizada às 21h34 com mais informação)
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