Pela primeira vez, petróleo tem valor negativo. Barril toca -40 dólares em Nova Iorque

O crude WTI está a afundar como nunca, em Nova Iorque. Pressionado pela pandemia de Covid-19, já perdeu todo o valor e entrou em terreno negativo. Em Londres, as perdas são de apenas 5%.

Pela primeira vez na história, o petróleo negoceia em terreno negativo. A matéria-prima desvalorizou ao longo do dia nos mercados internacionais, com especial destaque o mercado norte-americano. Por volta das 19h desta segunda-feira, tinha perdido todo o valor e passou a valer menos de zero dólares, o que nunca tinha acontecido.

Arrastado pela quebra da procura mundial devido à pandemia e pelo fim do prazo dos contratos de futuros, o barril de bruto norte-americano West Texas Intermediate (WTI) afundou 306% para -37,60 dólares no fecho da sessão, após ter chegado a tocar um mínimo de -40,03 dólares.

Este valor diz respeito aos contratos de maio, que atingem o prazo esta terça-feira. Mas toda a curva de maturidades desvaloriza. O petróleo de entrega em junho perde 18,5% para 20,45 dólares, enquanto os contratos de julho perdem 11% para 26,20 dólares por barril.

Apesar de não estar a cair de forma tão expressiva, também o preço do barril de Brent do mar do Norte, de referência na Europa, recuou 8,94% para 25,57 dólares.

A guerra do petróleo, combinada com o efeito devastador do bloqueio induzido pelo novo coronavírus nas economias, provocou uma queda dramática no preço do petróleo, com o WTI a cair para o seu nível mais baixo em mais de 20 anos, com o contrato de maio a cair abaixo de 15 dólares”, explica Carlo Alberto De Casa, analista chefe da ActivTrades, numa nota de research.

Os mercados do petróleo caíram nas últimas semanas para o nível mais baixo em cerca de 20 anos, devido ao impacto na procura das restrições de viagens impostas em todo o mundo por causa de Covid-19.

A crise foi agravada pela guerra de preços entre Arábia Saudita e a Rússia, que não concordavam com a estratégia a seguir para fazer face ao impacto do vírus. Apesar de ter acabado por chegar a acordo e de ter decidido um acordo sem precedentes na produção de petróleo, não chegou para travar as quedas dos preços.

Não só se espera que a queda na procura de petróleo seja superior ao corte, como os EUA não alinharam na estratégia. Segundo a administração norte-americana de informação sobre energia, os stocks de bruto da primeira economia mundial tinham aumentado 19,25 milhões de barris na passada semana, num mercado mundial sobreaprovisionado.

A agravar o impacto que já se vinha a fazer sentir nas últimas semanas, há outro fator a influenciar o mercado, esta segunda-feira: os contratos de futuros do WTI para maio vencem esta terça-feira e o preço da matéria-prima sente a pressão da convergência.

“Existe um vasto «contango» entre contratos, demonstrando a atual oferta excessiva e as expectativas de que parte desse excedente diminuirá nos próximos meses, à medida que os cortes dos produtores começarem a surtir efeito e o pico do bloqueio global passar”, sublinha Carlo Alberto De Casa.

(Notícia atualizada às 19h10)

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