Portugal paga 1,2% para emitir dívida a dez anos. Juro quase triplica
A emissão acontece numa altura de subida nos juros da dívida causada pelo impacto da pandemia de Covid-19 na economia mundial e depois de a Fitch ter revisto em baixa o outlook de rating de Portugal.
Portugal pagou mais para emitir dívida. Numa altura de agravamento dos custos de financiamento para a generalidade dos países do sul da Europa, a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP colocou 1.016 milhões de euros, esta quarta-feira, um leilão duplo de obrigações do Tesouro (OT) a seis e dez anos.
Na maturidade benchmark, o país emitiu 598 milhões de euros, com uma taxa de juro de 1,194%. A última vez que Portugal se tinha financiado a dez anos foi a 11 de março, tendo pago então uma taxa de juro de 0,426%. Ou seja, face a esse leilão, o juro quase triplicou.
Já no que diz respeito às OT a seis anos, Portugal colocou 418 milhões, a uma taxa de 0,843%. Esta também representa uma forte subida já que na última emissão comparável, a 12 de fevereiro, o país tinha-se financiado com um juro negativo de -0,057%.
A emissão acontece numa altura de subida nos juros da dívida causada pelo impacto da pandemia de Covid-19 na economia mundial. Portugal já tinha voltado a pagar para colocar títulos de curto prazo, o que não acontecia desde 2016, e a médio prazo tem sofrido um agravamento. Esta quarta-feira, a yield a das obrigações 10 anos sobe para 1,26%, em mercado secundário.
A refletir as preocupações com esse impacto, a Fitch reviu em baixa a perspetiva do rating de Portugal, na sexta-feira passada. Apesar de a notação financeira se ter mantido em “BBB”, a perspetiva de interrupção das tendências positivas recentes, tanto da economia como do endividamento de Portugal, levou a agência a colocar o outlook em “estável”.
Foi neste cenário que Portugal foi aos mercados financiar-se, o que se refletiu nos juros. Ainda assim, o país continuou a conseguir atrair de forma robusta os investidores.
Além de o montante colocado ter ficado ligeiramente acima do montante indicativo (que era de mil milhões), a procura ficou em linha com a registada em anteriores leilões. No caso das OT a dez anos, foi 1,68 vezes superior à oferta, o que compara com as anteriores 1,53 vezes. Já nos títulos a seis anos, a procura ficou 2,34 vezes acima da oferta, face a 2,43 vezes no último leilão comparável.
(Notícia atualizada às 11h00)
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