68% das empresas de têxtil estão em lay-off
O lay-off foi a medida de apoio mais utilizada pelo setor têxtil e vestuário, seguido das moratórias de crédito (35%), conclui a associação do setor.
O têxtil e vestuário são dos setores mais afetados pelo Covid-19. Para combater os efeitos da pandemia, 68% das empresas do setor estão em lay-off total ou parcial e 35% recorreram às moratórias de crédito, conclui um inquérito divulgado esta sexta-feira pela Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP).
No dia em que começam a ser pagos os primeiros cheques para as empresas em lay-off simplificado, as empresas revelam que vão continuar a recorrer ao lay-off (66%) no mês de junho e 40% está a considerar recorrer às linhas de crédito.
Os empresários tecem várias criticas às medidas de apoio anunciadas pelo Governo, como burocracia, dificuldades de interpretação, falta de clareza, regulamentação tardia das medidas, falta de flexibilidade nos instrumentos, diferenças entre comunicação governamental e execução pelos organismos responsáveis, morosidade e custo para as empresas, e medidas pouco ambiciosas.
Segundo a ATP estas medidas vão “privilegiar o endividamento futuro, o que necessariamente comprometerá a capacidade de crescimento e investimento nos próximos anos”.
Quebra nas encomendas é o principal problema do setor
A quebra nas encomendas é o principal problema no setor. Mais de 60% das empresas identificaram um impacto muito forte (superior a 50%) no que respeita à redução de encomendas no mês de abril, segundo os resultados do inquérito efetuado entre 14 e 20 de abril.
As estimativas para junho também não são animadoras, uma vez que 43% das empresas esperam uma redução na procura superior a 50% e 37% espera uma redução entre 25% e 50%.
Para além da quebra nas encomendas, os empresários destacam que sentem dificuldades no abastecimento de matérias-primas. Mais de metade das empresas inquiridas identificaram um impacto forte ou muito forte em termos de fornecimento de matérias-primas em abril. Itália, Espanha, Índia, China são as origens mais afetadas.
Fornecedores encerrados, mercados fechados, dificuldades aduaneiras, dificuldades de crédito, aumento do custo das matérias-primas são as principais razões.
Retoma económica incerta e pouco vigorosa
Numa altura em que a retoma da atividade económica está em cima da mesa, cerca de 35% das empresas apenas antevê uma ligeira retoma (até 20%) da atividade no mês de maio. No mês seguinte 45% dos inquiridos perspetiva uma retoma da atividade entre 20% a 60%. Apenas 11% acredita numa retoma a mais de 80% no final do mês de junho.
Numa fase em que várias empresas de têxtil e vestuário estão a produzir máscaras sociais e o presidente da ATP considera até que podem ser a salvação do setor, o inquérito realizado pela associação liderada por Mário Jorge Machado concluiu que apenas 25% das empresas inquiridas está a produzir equipamentos de proteção individual (EPIS) ou ou produtos para a área saúde.
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