Máscaras sociais podem ser a “salvação” do têxtil. Empresas estão de olho na exportação

Portugal vai começar a produzir máscaras sociais. Este novo produto pode ser um trunfo para as empresas "e uma salvação para a economia", diz o presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal.

Depois de descartar o uso de máscaras, a Direção-Geral da Saúde acabou por recomendar a utilização em espaços fechados. Mas não têm de ser máscaras cirúrgicas e, preferencialmente, também não se deve utilizar equipamentos descartáveis. A solução para a generalidade dos portugueses pode passar pelas máscaras sociais, sendo que esta poderá ser também “uma oportunidade para a indústria têxtil e uma salvação para a economia”, diz o presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP).

“Temos de arranjar soluções para colocar a economia a funcionar. A máscara social é uma delas”, diz Mário Jorge Machado ao ECO. “Teve que ser inventada uma máscara que corresponda a um novo problema que este vírus nos trouxe”, explica.

O diretor do Centro Tecnológico Têxtil e Vestuário (Citeve), Braz Costa, corrobora a ideia do presidente da ATP. Explica ao ECO que “temos que garantir que as pessoas retomam as suas atividades, mas com um nível de proteção adequada. Estas máscaras têm o grande valor de proteger as pessoas e permitirá que algumas atividades possam retomar o seu rumo”, refere.

Tendo em conta o prejuízo financeiro que esta crise está a ter no país, Mário Jorge Machado está convicto de que “é preciso desesperadamente pôr a economia a funcionar nas próximas semanas e começarmos a ter uma vida normal”. Todavia, este regresso à “normalidade” vai incluir o uso de máscara para evitar um novo surto. “Se queremos a economia a funcionar as máscaras são um produto que nós na sociedade vamos ter que incorporar”, evidencia Mário Jorge Machado.

Temos de arranjar soluções para colocar a economia a funcionar e a máscara social é uma delas.

Mário Jorge Machado

Presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal

Em Portugal, o Infarmed juntamente com o Centro Tecnológico Têxtil e Vestuário (Citeve) já publicou as especificações técnicas para as empresas começarem a produzir máscaras sociais reutilizáveis — mais de duzentas empresas de confeção vão arrancar com a produção de máscaras sociais. Para o presidente da ATP, “as empresas têxteis e de confeção têm todas as características para fazer este tipo de produto”.

A máscara tem que cumprir os requisitos da normativa. “O consumidor tem que ter a certeza que está a comprar um produto que o protege”, refere Mário Jorge Machado, salientando que numa fase inicial o setor têxtil tem capacidade para “produzir milhões de máscaras em algumas semanas”. Braz Costa avança que “uma grande confeção consegue produzir 500 mil máscaras por semana”.

Uma máscara social — que vai custar entre cinco a 20 euros — garante no mínimo 70% de proteção. “A norma exige que a máscara tem que manter as suas características ao fim de cinco lavagens”, explica Braz Costa. Estas máscaras sociais são máscaras reutilizadas e sustentáveis, contrariamente às descartáveis. Para o diretor geral do Citeve “o custo ambiental de usarmos máscaras descartáveis todos os dias é enorme”, diz Brás da Costa. Mário Machado concorda e diz que “não há nada mais sustentável que um produto que se use e não se deite fora”, diz presidente da ATP.

"Teve que ser inventada uma máscara que corresponda a um novo problema que este vírus nos trouxe.”

Mário Jorge Machado

Presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal

O impacto ambiental de usar máscaras descartáveis todos os dias seria enorme e nefasto para o planeta. “A cada 10 dias em Portugal iríamos ter que gastar cerca de 70 milhões de máscaras descartáveis. Isso é inconcebível”, nota o presidente da ATP.

Exportar máscaras sociais pode ser oportunidade

Face à crescente procura e à escassez de máscaras a nível mundial, exportar máscaras sociais é uma possibilidade em cima da mesa. O presidente da ATP esta convicto que este produto vai ser exportado, principalmente para o mercado europeu e numa fase posterior para os EUA, Canadá, Brasil.

Braz Costa não podia estar mais de acordo com o presidente da ATP. “Portugal só não exportará se não quiser, já constatámos que existe procura neste tipo de artigos. Temos aqui uma oportunidade de negócio e estou convicto que vamos ter procura”, refere. Acrescenta ainda que o Centro Tecnológico Têxtil e Vestuário tem sido contactado por empresas internacionais que procuram confecionadores em Portugal para produzirem este tipo de máscaras.

Neste momento, estamos a produzir máscaras sociais em grande escala desde fevereiro [exportando 150 mil máscaras por semana].

César Araújo

CEO da Calvelex

A Calvelex já está a tirar partido dessa oportunidade. A empresa liderada por César Araújo está a produzir para o mercado nacional, mas também a exportar cerca de 150 mil máscaras por semana para Inglaterra, Alemanha, Espanha, França e Holanda.

“Neste momento, estamos a produzir máscaras sociais em grande escala desde fevereiro. A Calvelex já produz este tipo de produtos há mais de vinte anos, mas em menor escala”, explica ao ECO, César Araújo. “Em tempos de crise, as empresas têm que se reinventar”, evidencia o presidente da empresa.

Esta “é uma oportunidade de Portugal posicionar-se no mercado global como fornecedores deste tipo de artigos”, destaca Brás Costa O diretor geral do Citeve diz mesmo que a proteção individual até pode virar “moda” e que já existem marcas de luxo que procuram quem possa fazer este tipo de máscaras para inserir nas suas coleções”, conclui Brás Costa.

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