Combustíveis não rimam com teletrabalho. “Vendas nos postos da Repsol são inferiores a 50%”
Em teletrabalho há quase dois meses, Armando Oliveira, responsável da Repsol em Portugal, diz que para a petrolífera "o impacto da crise foi grande em março e será relevante em abril e maio".
Nas bombas, os preços de combustíveis continuam a cair, mas nem assim a petrolífera espanhola Repsol está a aumentar as vendas. Muito pelo contrário. De acordo com Armando Oliveira, administrador delegado da empresa para Portugal, no mês de abril (o mais crítico até agora) as vendas de gasolina e gasóleo nos postos de abastecimento da marca foram “inferiores a 50%”.
“Este é um ambiente de negócio muito complexo que nunca antes tínhamos vivido. As vendas de combustíveis nos postos de abastecimento são inferiores a 50%, num contexto de preços muito favoráveis para os consumidores, que não podem desfrutar. Vendemos os combustíveis a preços de 30 a 40 cêntimos por litro (mais impostos)”, confessou o gestor ao ECO. Neste contexto, sublinha, a principal preocupação passa pela gestão de caixa. Armando Oliveira espera que “as vendas comecem a melhorar a partir de maio”.
“O impacto da atual crise foi grande em março e será sobretudo relevante em abril e maio, mas a partir daí esperemos que a retoma seja progressiva e terminemos o ano a recuperar desta crise. O plano inicial não servirá como comparação à nova realidade. No caso particular da nossa indústria, para quem, como nós, tem stocks em Portugal, a desvalorização desses mesmos stocks com as baixas de preços que se têm sentido, são naturalmente muito relevantes“, frisa ainda.
Quanto ao futuro, ainda está tudo em aberto. Para já a Repsol tem revisto os planos de 2020 numa base mensal, com a capacidade de resiliência da empresa a ser posta à prova ao longo dos próximos meses. “No último semestre começaremos a preparar o plano 2021 com base nas estimativas que venhamos a fazer para o fecho de 2020, já após verificarmos as tendências da retoma”, remata Armando Oliveira.
“Equipa responsável e comprometida” em teletrabalho
O administrador delegado da Repsol em Portugal está a trabalhar em casa há quase dois meses, desde 12 de março, dia em que a empresa decidiu que todas as pessoas que trabalhavam nos escritórios passariam para regime de teletrabalho. “No meu caso concreto, estou com toda a minha família em casa”, conta Armando Oliveira. Nesta nova realidade, os seus dias começam cedo com vários reports de seguimento sobre o dia anterior. Também pela queda acentuada da atividade, a análise diária dos dados passou a ser uma rotina, revela.
Quanto ao resto da equipa, não poupa elogios: “Felizmente, acabámos por confirmar que temos uma equipa responsável e comprometida, o que fez com que esta adversidade esteja a ser ultrapassada”.
A Repsol tem um universo de gasolineiras com operação própria, onde cerca de 500 pessoas continuam a prestar serviço nas lojas, por turnos. Há também outros 15 colaboradores que se dedicam a receber e expedir os combustíveis para os postos de abastecimento e para os clientes industriais, de distribuição e revenda, da agroindústria, da marinha, da construção civil, entre outros. Quanto aos cerca de 220 colaboradores dos escritórios centrais, estão todos em teletrabalho.
Quanto aos clientes, há “um pouco de tudo”. “Temos clientes que até estão com mais atividade, como por exemplo o setor agrícola”, conta o gestor, acrescentando: “No caso dos particulares, a procura de combustíveis tem sido inferior a metade, mas nos setores industriais, é variável em função das indústrias”.
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