Covéa desistiu de comprar Partner Re, diz holding dos Agnelli

A Exor, holding de investimentos da família Agnelli, considera que a Covéa “não honrará o seu compromisso de adquirir a Partner Re em conformidade com os termos do Memorando de Entendimento (MoU na sigla inglesa) anunciado em 3 de março de 2020”. E

Em comunicado, a holding dos Agnelli, presidida por John Elkann, afirma que a Covéa “recusou finalizar o acordo” para a transação dizendo que o contexto económico global e as condições de incerteza decorrentes da pandemia impedem que o projeto de aquisição se concretize nos termos inicialmente previstos. No mesmo comunicado, em que exclui a possibilidade de rever os termos do acordo preliminar, a Exor manifesta a sua “forte convicção” de que um preço inferior ao establecido nesse acordo “não reflete o valor da companhia” sediada nas Bermudas.

De acordo com a holding da família Agnelli – que detém a Partner Re desde 2016 -, “ao tentar renegociar os termos do acordo, a Covéa nunca sugeriu a existência de uma alteração material adversa, incluindo o risco de pandemia, ou quaisquer outras questões sobre a Partner Re” que justifiquem a recusa em honrar os seus compromissos no âmbito do MoU “e a Exor acredita que essa base não existe”, detalha o comunicado.

Caso o revés seja definitivo cai por terra o acordo inicial assinado a 3 de março, com a base no qual a Covéa pagaria 9 mil milhões de dólares pela Partner Re. A Exor, holding sediada na Holanda, adquiriu a Partner Re em março de 2016 por 6,72 mil milhões de dólares, sendo atualmente a acionista com controlo integral da resseguradora que desde então cresceu significativamente nos ramos Vida e saúde.

A Exor é a holding empresarial controlada pela família historicamente ligada à Fiat, atualmente grupo FCA, Ferrari e o clube de futebol Juventus, onde joga o internacional português Cristiano Ronaldo. Na Partner Re, a holding liderada por John Elkann detém 100% do capital e 99% dos direitos de voto.

Para o grupo mutualista francês, o fracasso nas negociações com a Exor junta-se a outro caso de atenção mediática. De acordo com uma carta do supervisor datada de março e dirigida ao presidente do grupo, Thierry Derez, a Covéa está atualmente sob o escrutínio da autoridade francesa de controlo prudencial e resolução (ACPR) devido a práticas de governance e gestão de risco.