É oficial. Reino Unido exclui Portugal dos corredores aéreos
Os ingleses que viajem para Portugal vão ter de cumprir uma quarentena de 14 dias quando regressarem ao Reino Unido. E nem a Madeira e os Açores escapam a esta exigência.
Muito se especulou e as más notícias acabaram mesmo por confirmar-se. O Reino Unido vai abrir corredores aéreos com vários países europeus a partir de 10 de julho, mas deixou Portugal de fora, refere uma lista publicada no site do Governo britânico. Isto significa que os portugueses que viagem para Inglaterra ou os ingleses que regressem ao país a partir de Portugal vão ter de cumprir um período de quarentena de 14 dias à chegada.
Portugal não é considerado um país seguro para o Reino Unido. Há exceções, mas na prática, os resultados são os mesmos. Se até aqui o Governo britânico não aconselhava as viagens para cá, agora mudou de ideias em relação à Madeira e aos Açores. Estas ilhas “foram avaliadas como não apresentando mais um risco inaceitavelmente alto para os britânicos que viajam para o estrangeiro”, diz o Executivo britânico.
O problema é que, apesar desta reversão — desde março que as viagens para Portugal eram desaconselhadas –, a partir de 4 de julho, os britânicos que viajem para a Madeira e para os Açores continuam a ter de fazer uma quarentena de 14 dias à chegada ao Reino Unido. E esta é uma decisão que deverá levar muitos turistas daquele país a evitar Portugal este ano para as férias de verão, principalmente o Algarve.
“Devido à incidência relativamente elevada de casos de Covid-19, principalmente na região da grande Lisboa, o Governo britânico decidiu continuar a desaconselhar todas as viagens que não sejam essenciais para Portugal Continental“, esclarece um comunicado da Embaixada do Reino Unido em Portugal. “Em reconhecimento das taxas de infeção muito mais baixas nas regiões autónomas da Madeira e dos Açores, bem como o facto dessas ilhas serem acessíveis através de voos diretos do Reino Unido e terem controlos efetivos de entrada relacionados com a Covid-19, deixámos de desaconselhar as viagens não essenciais para essas regiões”, acrescenta a Embaixada.
Esta decisão, que já era esperada, desagrada o Governo português, que falou mesmo em “discriminação”. Antes de ser conhecida a lista final, o ministro da Economia já tinha afirmado que estava em “discussões” com o Governo britânico para tentar explicar que “Portugal, no seu conjunto todo e uma parte dos destinos dentro do país, como o Algarve e o norte do país, são destinos seguros”.
De acordo com o balanço mais recente, o Reino Unido regista até esta quinta-feira mais de 283 mil pessoas infetadas com coronavírus e 43.995 vítimas mortais devido à doença. É atualmente o país com mais casos de infeção da Europa e o terceiro maior do mundo. Enquanto isso, Portugal tem 47.782 pessoas infetadas e regista até esta quinta-feira 1.587 mortos.
O mesmo se aplica aos portugueses que viajem para Inglaterra
A mesma medida foi aplicada aos portugueses que decidam viajar para Inglaterra. O Governo britânico publicou uma lista de 59 países cujos cidadãos não precisam de fazer quarentena ao chegar a Inglaterra a partir de 10 de junho — “a não ser que tenham visitado ou estado em qualquer outro país ou território nos 14 dias anteriores” — mas excluiu Portugal.
“No que diz respeito à quarentena obrigatória de 14 dias para as pessoas que chegam ao Reino Unido, essa medida permanecerá por enquanto em vigor para todas as pessoas que chegarem ao Reino Unido vindas de Portugal (no seu todo)“, esclarece a Embaixada do Reino Unido em Portugal.
De acordo com o Ministério dos Transportes britânico, esta lista poderá ser atualizada nos próximos dias, à medida que forem acontecendo reuniões adicionais entre o Governo do Reino Unido e outros países. Esta restrição aplica-se a todas as viagens feitas de comboio, autocarro, avião ou outro meio de transporte. O não cumprimento desta medida implica o pagamento de uma multa que pode chegar às 1.000 libras (cerca de 1.100 euros).
Apesar de todos estes cuidados, todos os passageiros que chegam a Inglaterra — visitantes e residentes — devem preencher um formulário de localização, refere o site do Governo britânico.
Estas restrições aplicam-se apenas às viagens com destino a Inglaterra, deixando de fora a Escócia, País de Gales e a Irlanda do Norte. Isto porque houve desentendimento na adoção destas medidas e estes Governos acabaram por decidir adotar as próprias medidas.
A primeira-ministra da Escócia classificou mesmo de “caótica” esta gestão que o Governo britânico está a fazer da situação. Já o primeiro-ministro do País de Gales, citado pelo The Telegraph, disse que lidar com o Governo do Reino Unido nos últimos dias “tem sido uma experiência impossível de acompanhar”.
A lista completa: Andorra, Alemanha, Antígua e Barbuda, Grécia, Noruega, Aruba, Gronelândia, Polónia, Austrália, Granada, Réunion, Áustria, Guadalupe, San Marino, Bahamas, Hong Kong, Sérvia, Barbados, Hungria, Seychelles, Bélgica, Islândia, Coreia do Sul, Bonaire, Santo Eustáquio e Saba, Itália, Espanha, Croácia, Jamaica, São Bartolomeu, Curaçau, Japão, São Cristóvão e Nevis, Chipre, Liechtenstein, Santa Lúcia, República Checa, Lituânia, São Pedro e Miquelão, Dinamarca, Luxemburgo, Suíça, Dominica, Macau, Tailândia, ilhas Faroe, Malta, Trindade e Tobago, Fiji, Maurícias, Peru, Finlândia, Mónaco, Cidade do Vaticano, França, Países Baixos, Vietname, Polinésia Francesa, Nova Caledónia e Nova Zelândia.
(Notícia atualizada às 22h45 com informação enviada pela Embaixada do Reino Unido em Portugal)
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