BES: PCP diz que responsabilidade política “ainda tem de ser apurada” sem excluir novo inquérito
"Há responsáveis, que têm de ser responsabilizados politicamente por essas opções erradas que levaram à situação que vivemos e à continuação do buraco sem fundo no Novo Banco”, diz PCP.
O PCP defendeu, esta quarta-feira, que a acusação no caso BES não apaga a necessidade de apurar responsabilidades políticas, sem afastar a possibilidade de um novo inquérito parlamentar sobre “a continuação do buraco sem fundo” no Novo Banco.
Em declarações aos jornalistas no parlamento, o deputado comunista Duarte Alves defendeu que o processo judicial “deve prosseguir e apurar todas as responsabilidades criminais” e considerou que a acusação conhecida na terça-feira “vai ao encontro da intervenção do PCP” na comissão parlamentar de inquérito ao Banco Espírito Santo (BES), quando rejeitou a ideia de que “as responsabilidades deviam ser centradas numa só pessoa”, no caso o ex-banqueiro Ricardo Salgado.
“Considerámos na altura que a resposta era muito mais ampla não só no universo BES, como também em quadros com responsabilidades políticas ao mais alto nível”, defendeu, justificando que essa foi a razão para o partido ter sido o único a votar contra o relatório da comissão de inquérito.
Para o PCP, a acusação “não apaga a responsabilidade política tanto do Governo PSD/CDS e do processo de resolução que foi feito com dados absolutamente falaciosos, como do PS, com o ruinoso processo de privatização que se seguiu”. “Há responsáveis, que têm de ser responsabilizados politicamente por essas opções erradas que levaram à situação que vivemos e à continuação do buraco sem fundo no Novo Banco”, disse.
Questionado se esse apuramento de responsabilidades pode passar por uma nova Comissão Parlamentar de Inquérito, Duarte Alves não excluiu esse cenário. “Tem de ser avaliada essa hipótese quando tivermos acesso ao relatório da auditoria. Na altura avaliaremos essa hipótese, mas não colocamos de parte essa possibilidade”, assegurou.
O Ministério Público acusou na terça-feira 18 pessoas e sete empresas por vários crimes económico-financeiros e algumas das quais por associação criminosa, no processo BES/Universo Espírito Santo, em que a figura central é o ex-banqueiro Ricardo Salgado.
O ex-presidente do BES foi acusado de 65 crimes, incluindo associação criminosa, corrupção ativa no setor privado, burla qualificada, branqueamento de capitais e fraude fiscal, no processo BES/GES. Além de Ricardo Salgado são também arguidos neste processo Amílcar Morais Pires e Isabel Almeida, antigos administradores do BES, entre outros.
O inquérito do processo principal “Universo Espírito Santo” teve origem numa notícia de 03 de agosto de 2014 sobre a medida de resolução do BES e analisou um conjunto de alegadas perdas sofridas por clientes das unidades bancárias Espírito Santo.
Posteriormente, foi conhecida a resolução e liquidação de inúmeras entidades pertencentes ao então Grupo Espírito Santo (GES) no Luxemburgo, Suíça, Dubai e Panamá, a par do pedido de insolvência por parte de várias empresas do mesmo Grupo em Portugal.
O arguido e ex-presidente do BES Ricardo Salgado já confirmou ter sido notificado da acusação, dizendo que “não praticou qualquer crime” e que esta “falsifica a história” do Banco Espírito Santo.
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