Campanhas “Vá para fora cá dentro” de outros países estão a tramar turismo nacional

De descontos em impostos nos setores do turismo e hotelaria à oferta de "cheques" e devolução de dinheiro a quem "Vá para fora cá dentro". Veja as estratégias seguidas por outros países europeus.

A pandemia está a provocar quebras históricas no turismo em todo o mundo. Com uma estratégia de crescimento que assentou nos últimos anos na captação de turistas estrangeiros, Portugal não escapa a esse “contágio”. Essa situação é agravada ainda pelo facto de se ter visto excluído do corredor aéreo do Reino Unido, um dos mercados mais relevantes para o turismo nacional, mas não só. A fazer mossa ao turismo nacional estarão também os apoios que os governos de outros países estão a dar aos próprios cidadãos para optarem pelo “Vá lá para fora cá dentro” que acabam por afastar turistas do território nacional.

O número de turistas estrangeiros a visitar Portugal aumentou 7,9% para mais de 24,6 milhões de pessoas, no ano passado, cimentando a aposta na promoção turística do país no estrangeiro que despertou o interesse de muitos em descobrir o país. Mas esses números à luz da realidade atual são uma “miragem”.

E as consequências económicas prometem ser muito duras. De acordo com um ranking da EY, feito com base nos dados da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (CNUCED), Portugal surge na quarta posição dos países mais afetados pela quebra do turismo, com uma perda de 11,7 mil milhões de euros estimada para o Produto Interno Bruto (PIB) nacional equivalente a uma contração de 6%.

Temendo já os efeitos sobre o setor em Portugal devido aos efeitos da pandemia, ainda em pleno confinamento, o Governo optou por apostar na promoção do turismo nacional, convidando os portugueses a viajar pelo país em vez de rumarem ao estrangeiro. Outros países estão também a optar pela promoção do turismo interno, mas estão a ir mais longe com a implementação de medidas de apoio e promoção. Estas vão desde descontos em impostos nos setores do turismo e hotelaria à oferta de “cheques” e devolução de dinheiro aos cidadãos que sigam a estratégia do “Vá para fora cá dentro”. Veja o que cinco países europeus estão a fazer nesse âmbito.

Reino Unido reduz IVA no turismo e hotelaria

Uma das medidas anti-crise tomadas pelo Executivo de Boris Johnson que mais têm sido realçada recai sobre a redução do IVA sobre o setor do turismo e da hotelaria que passa de 20% para 5% até 12 de janeiro de 2021. Além disso, há também uma redução de 50% nos impostos pagos nas contas dos restaurantes durante o mês de agosto.

Alemanha corta o IVA. Restauração beneficiada

No pacote de estímulos anunciados com vista a puxar pela economia, a Alemanha também optou por medidas fiscais para impulsionar o turismo nacional. Para o efeito, aprovou a redução da taxa geral do IVA de 19% para 16% e a da taxa reduzida de 7% para 5%. Ambos os ajustes fiscais vigoram desde o dia 1 de julho e durarão até ao último dia deste ano. A restauração sai beneficiada neste campo já que, para além de mais profundo, o corte de impostos é mais extenso no tempo. Para o setor o IVA desce de 19% para 7% durante um ano. Ou seja, até 30 de junho do próximo ano.

Grécia também dá desconto no IVA

A Grécia foi o país da União Europeia que mais cedo abriu as fronteiras ao turismo e que mais tem tentado tirar partido das dificuldades de outros países como Itália e Espanha para gerir a crise do coronavírus. Em maio, aprovou uma redução do IVA de 23% para 14% para transporte, bebidas não alcoólicas e ingressos de cinema entre junho e outubro, a fim de atrair turismo da Alemanha e dos países nórdicos.

Itália dá “bónus de férias” às famílias para gastar em estadias

Com vista a promover o turismo interno e a incentivar as famílias de mais baixos rendimentos a fazer férias, o Governo italiano decidiu dar um “Bónus de férias” de 500 euros por família a ser gasto em estadias em alojamentos turísticos localizados na Itália. O auxílio destina-se exclusivamente a agregados familiares com rendimentos inferiores a 40 mil euros brutos anuais. As famílias com filhos a cargo têm direito a 500 euros, sendo que o valor baixa para 300 para agregados com apenas dois membros e 150 para famílias monoparentais.

França reembolsa em caso de confinamento

Logo no início da crise sanitária, o Executivo francês lançou uma campanha de promoção do turismo nacional para o período de julho e agosto. Para isso, comprometeu-se a devolver o montante desembolsado nas reservas aos afetados em caso de confinamento.

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