Índia prepara IPO para colocar 25% da maior e mais antiga seguradora estatal

  • ECO Seguros
  • 15 Setembro 2020

A esperada privatização de parte da Life Insurance Corporation of India, a mais antiga e única estatal entre 24 seguradoras Vida presentes no mercado, deve ser concretizada em 2021.

Anteriormente noticiada para alienação de 10% de capital da Life Insurance Corporation (LIC), a privatização deverá envolver 25% da companhia que acabou de completar 64 anos e conta mais de 250 milhões de segurados. A operação foi preparada para ser realizada em oferta pública inicial (IPO na gíria financeira internacional) através da emissão e venda de novo papel, reforçando capital social da empresa indiana.

O plano da agência estatal de investimento e gestão de ativos públicos propõe que o Estado veja sua participação diluída, dos atuais 100%, para 75% do capital social da LIC, adianta a imprensa antecipando que o IPO será lançado na primeira metade de 2021, prevendo-se que parte da colocação seja reservada a retalho (pequenos investidores). O procedimento, inicialmente lançado em fevereiro, está em fase de conclusão e também ajudará o governo a cumprir metas de desinvestimento em setores chave da economia indiana.

Sede histórica da estatal que emergiu das nacionalizações decididas pelo Parlamento indiano na década de cinquenta do século passado. A LIC já nasceu gigante, aglutinando mais de 200 empresas do setor. Imagem: Life Insurance Corporation of India.


A companhia –
que além da atividade seguradora detém participações em outros ativos do Estado – terminou o ano fiscal 2019-2020, encerrado em março último, com crescimento de 12,4% em prémios de seguro e receita total consolidada a progredir 9,8%, segundo comunicado da instituição sediada em Mumbai.

Detendo dois terços de quota no mercado Vida (69,36% em 2018 e 66,4% em 2019), segundo estatística da autoridade setorial (IRDA), no ano fiscal 2018-2019, a LIC emitiu 21,4 milhões de novas apólices individuais, enquanto as concorrentes privadas fizeram um combinado de 7,24 milhões de novos contratos, cabendo notar que o peso do setor privado no mercado em crescendo (30,6% em 2018, para 33,8% de quota em 2019).

Números da Swiss Re/Sigma reproduzidos nos documentos das autoridades locais indicam que o mercado indiano representava, em 2018, cerca de 99,8 mil milhões de dólares, repartidos em 73,7% pelo setor Vida e 26,1% por não Vida. Outras fontes externas adiantam que, no país, o setor Vida deverá crescer 14 a 15% nos próximos 3 a 5 anos.

O volume bruto de prémios (setor Vida) praticamente triplicou entre 2012 e 2020, segundo dados não oficiais relativos ao último ano fiscal (terminado em março passado), num panorama em que a autoridade de regulação (IRDA) continua a registar entrada de novos operadores estrangeiros à procura de oportunidades num mercado com fraca taxa de penetração (2,7% em seguros Vida e menos de 1% em não Vida) e, sobretudo, pelo potencial de crescimento atrativo (+7,7% em 2018, no seguro Vida, contra +0,2% em termos mundiais).

De acordo com dados disponíveis na página eletrónica da IRDA (Insurance Regulatory and Development Authority of India), a LIC fechou o exercício 2018-2019 (o ano fiscal indiano termina em março) com lucros a crescerem 10% face ao dividendo líquido entregue ao governo da União no exercício anterior. Dos cerca de 58,4 mil milhões de euros em prémios brutos (todo o ramo Vida), dois terços pertenceram à Life Insurance Corporate of India (LIC), dominante na generalidade das variáveis de análise da evolução do mercado (novas apólices, renovações, volume total de prémios).

De um total de 11 279 agências de seguros do ramo Vida contabilizadas em março de 2019, fecho do ano fiscal, cerca de 4 930 serviam a LIC (agências próprias, mediadores e outros), enquanto as restantes 6350 se distribuíam pelas 23 seguradoras privadas concorrentes no ramo.

Sendo dominante no negócio Vida, o grupo estatal tem vindo lentamente a perder quota de mercado durante os últimos anos para concorrentes do setor privado como HDFC Life, ICICI Prudential Life e SBI Life, corrobora o site de informação especializada Insurance Asia News.

No setor de seguros gerais (não Vida, incluindo companhias que só operam seguros saúde), o volume global de prémios de seguro direto cresceu 12,5% no exercício fiscal considerado (2018-2019), alcançando o equivalente a cerca de 19,5 mil milhões de euros (perto de 1,7 biliões de rupias). O setor não Vida, com 56 companhias (das quais 4 são estatais, estando três em processo de fusão), era liderado pela ICICI Lombard (8,55% de quota do total de prémios subscritos), seguida da Bajaj Allianz (6,5% do mercado).

Por segmentos, o setor de seguros gerais é dominado pelo ramo automóvel (38% do total de prémios), seguindo-se os seguros de acidentes pessoais (que inclui saúde), com 27% e, em terceiro, os seguros de bens, com aproximadamente 15% de peso no conjunto dos seguros gerais, detalha a estatística do mais recente relatório anual da IRDA (exercício 2018-2019).

A Índia (com 1,33 mil milhões habitantes) é o segundo país com mais população no mundo (a seguir à China), sendo também o 2º mais atingido pela pandemia do novo coronavírus (a seguir aos EUA), ultrapassando 4,6 milhões de infetados e perto de 77,5 mil mortos por Covid-19, segundo dados da OMS (a 12 de setembro).

O PIB caiu perto de 24% no segundo trimestre de 2020 e o país enfrenta um quadro epidemiológico de futuro incerto, com ritmo diário de novas infeções em torno dos 100 mil casos.

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