Swiss Re traça cenário positivo para renovações de contratos
A crescente exposição a riscos combinada com a dinâmica no lado da procura sugere a subida continuada dos preços no setor. O momento oferece boas oportunidades e a tendência altista irá 2021 adentro.
Antecipando a época de renovação de contratos de seguro e resseguro, a companhia suíça sustenta perspetiva positiva, esperando continuidade na subida de preços para a generalidade de segmentos.
O Outlook da Swiss Re sustenta-se em riscos crescentes e reclamações volumosas num cenário em que se mantêm as taxas de juro baixas, elemento importante de previsibilidade (e alguma estabilidade) na rubrica dos investimentos.
Sintetizando a sua visão de tendência sazonal, habitualmente partilhada em setembro nos encontros que costuma realizar em Monte Carlo (Mónaco), a Swiss Re acaba de divulgar o outlook para a campanha de renovações de contratos – este ano em formato virtual – no qual assume perspetiva positiva de crescimento da indústria de seguro e resseguro, realçando que a exposição e perceção de risco continuam a aumentar.
Ainda, destaca a resseguradora, a atividade de subscrição está sob pressão crescente em termos de rentabilidades, condicionadas também pelo nível das taxas de juro, com reflexo no retorno dos investimentos em ativos de taxa fixa.
O setor enfrenta a necessidade de os preços cobrirem a tendência crescente de perdas. De acordo com a instituição, os furacões afetam cada vez mais regiões onde as exposições têm crescido em resultado da acumulação de riqueza. Isto conduz a “perdas cada vez mais graves, como demonstrado nos últimos anos” e, nesse aspeto, 2020 não se apresenta melhor.
Citado no relatório, Moses Ojeisekhoba, diretor geral de Resseguro da Swiss Re, nota que: “Mesmo antes da crise da COVID-19, a maioria dos principais mercados operavam com uma rentabilidade abaixo da média. Para poder responder à crescente necessidade de proteção de seguros de uma forma sustentável, são claramente necessários novos aumentos de preços em todas as linhas de negócio”.
A época atual de furacões do Atlântico é a primeira com registo de nove tempestades tropicais a formarem-se antes de agosto e um total de 13 antes de setembro. A situação é ainda agravada pela maior frequência e gravidade dos riscos secundários, tais como inundações e incêndios florestais, o que leva ao aumento dos sinistros e realça a necessidade de proteção por parte dos seguros, desenvolve a análise da instituição suíça.
Em “Low interest rates: the new norm and what it mean for insurers“, outro documento em que aborda o efeito negativo dos juros baixos nos investimentos das seguradoras, o Swiss Re Institute conclui que, para alcançar uma taxa de retorno razoável ao nível do capital próprio (RoE) até 2021, as seguradoras não Vida do G7 (Grupo das sete economias mais industrializadas) “precisam de melhorar as margens de subscrição em até sete a 12 pontos percentuais para compensar o nível baixo das taxas de juro”.
Aumento de preços é para durar
De resto, o panorama de endurecimento de preços dos seguros comerciais é corroborado por outras fontes, esperando-se que a tendência (iniciada já em 2018) se mantenha para além das renovações com efeito a partir de janeiro de 2021.
Conforme noticiou ECOSeguros, o Global Insurance Market Index da Marsh, relativo ao segundo trimestre de 2020, assinalou incremento de 19% no preço dos seguros comerciais, a maior subida no índice desde 2012.
O movimento altista é também justificado pela necessidade de amortecer o impacto da Covid-19 e outras perdas na função de custos das seguradoras. Igualmente, em update no segundo trimestre, a Aon Plc reiterou a tendência de aumento, num intervalo de 11% a 30%, variando consoante as geografias. Hugo Wegbrans, responsável global de corretagem na Aon, adiantou que o mercado terá de esperar sensivelmente um ano até assistir a uma estabilização dos preços.
Mais recentemente, no Commercial Lines Insurance Pricing Survey (CLIPS), um inquérito produzido pela Willis Towers Watson (WTW) sobre a evolução do mercado dos EUA no segundo trimestre, a corretora refere-se a um incremento assinalável dos preços nas linhas de seguros comerciais.
Em termos agregados, com destaque para os segmentos D&O, seguro auto e propriedade, a WTW afirma que as seguradoras reportaram subidas em torno de 10% (entre abril e junho), após variações de 6% nos dois trimestres anteriores e de 5% no terceiro trimestre de 2019.
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