Depois do chumbo da CML, gestora da torre da Portugália avança com despedimento coletivo

A Essentia, que geria o Portugália Plaza, foi substituída por decisão dos alemães donos do projeto depois do chumbo da Câmara de Lisboa. Vai avançar com um despedimento coletivo.

Depois de a Câmara de Lisboa (CML) ter chumbado o projeto de construção de uma torre no quarteirão da Portugália, em Lisboa, os alemães donos do projeto despediram a Essentia, a empresa que coordenava o projeto em Portugal. Na sequência disto, a própria Essentia vai agora avançar com um processo de despedimento coletivo, desconhecendo-se ainda quantas pessoas serão afetadas.

Foi no ano passado que se conheceu pela primeira vez, publicamente, o projeto que estava a ser pensado para o quarteirão abandonado na Avenida Almirante Reis. O fundo Sete Colinas — cujo único investidor é uma Caixa de Previdência alemã — queria construir naqueles terrenos uma torre com 60 metros, distribuídos por 16 andares acima do solo. Mas depressa se criou uma onda de indignação. Entretanto, a altura prevista encolheu para 40 metros.

Portugália PlazaD.R.

A coordenar e gerir o projeto em Portugal desde o início (cerca de cinco anos) estava a Essentia, que inclusive promoveu a compra daqueles terrenos pelo fundo Sete Colinas. Contudo, no final de julho, a CML chumbou o projeto. Um dos critérios exigidos para ser aprovado é a inclusão de habitações de renda acessível.

Na sequência deste chumbo, o fundo Sete Colinas despediu a Essentia e contratou no seu lugar a Lace Investments Partners, apurou o ECO junto de fontes do mercado imobiliário. “Nesta fase, o investidor, por questões de Covid-19 e de excessiva exposição ao mercado de Lisboa, vai manter a intenção e o compromisso com Lisboa, mas tem de diminuir a intensidade dos investimentos, não se justificando uma equipa tão transversal e completa ao serviço do mundo, que é também onerosa. Foi esse o motivo evocado pelo investidor”, explica ao ECO José Gil Duarte, CEO da Essentia.

Essentia fala em “necessidade de reajustar a equipa”

Mas os despedimentos não se ficaram por aqui. Depois de ter sido excluída do projeto, ao fim de cinco anos, a Essentia vai agora avançar com um processo de despedimento coletivo, confirmou ao ECO o próprio CEO da empresa de consultoria.

“O fundo Sete Colinas era um projeto muito relevante para nós. Estivemos cinco anos ligados a ele”, afirma José Gil Duarte, confirmando os despedimentos que estão a ser planeados. “Esta decisão do investidor [de despedir a Essentia] acaba por ter um efeito muito grande na nossa organização. É natural que haja necessidade de reajustar a equipa, com muita pena nossa”.

O CEO da Essentia nota ainda que “o processo já se iniciou” e que este é um “período de ponderação”. Contudo, diz não ser ainda possível estimar quantas pessoas serão afetadas. “As decisões estão a ser tomadas e não estão completamente definidas”, acrescenta José Gil Duarte.

Ao ECO, uma fonte do mercado imobiliário adiantou que este despedimento vai abranger os trabalhadores que estavam diretamente ligados ao projeto da Portugália, que José Gil Duarte diz serem cerca de 20 (num total de cerca de 30). Contudo, o CEO da Essentia nota que nem todos serão afetados. “Como princípio, seriam todas as pessoas que estavam envolvidas. Mas o que estamos a tentar fazer neste momento é tentar manter os colaboradores que prezamos através de ações comerciais”, explica.

Portugália Plaza prevê 85 apartamentos e 16 escritórios

O Portugália Plaza prevê a construção de 85 apartamentos: cinco T0, 44 T1, 17 T2, 17 T3 e dois T4. Além disso, terá 16 escritórios e espaços de cowork, uma zona comercial no rés-do-chão e será possível atravessar o quarteirão entre a Almirante Reis e a Rua António Pedro, algo que não acontece atualmente.

O projeto está atualmente a ser coordenado pelo gabinete de arquitetura ARX, de José Mateus e Nuno Mateus, e pela Lace Investments Partners, criada em 2018 por Bernardo Pinto Basto e Inês Santos Silva e ainda por Pedro Reforço, todos vindos da Norfin.

O prazo para responder à autarquia terminou no início de agosto, tendo os alemães pedido a prorrogação do prazo de resposta, adiantou ao ECO fonte oficial do gabinete do vereador do Urbanismo da CML. O ECO contactou a Lace Investments Partners para saber se o projeto será reformulado, mas até à publicação deste artigo não obteve qualquer resposta.

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