Chinesa Anbang Insurance pede ao regulador liquidação da companhia

  • ECO Seguros
  • 21 Setembro 2020

A Anbang Insurance, colocada sob controlo do Estado chinês em 2018 e atualmente substituída por outra entidade, rogou ao regulador para decretar a liquidação da empresa.

Ao fim de mais de dois anos sob tutela estatal, a Anbang já não enfrenta risco de insolvência e, graças à intervenção das autoridades, cumpriu responsabilidades por um valor estimado de 214,2 mil milhões de dólares, avançou a imprensa chinesa citando anúncio da entidade reguladora de banca e seguros (CBIRC). Com a generalidade dos seus ativos transferidos para outra empresa (Dajia), a Anbang requereu à entidade reguladora pela sua liquidação, noticiou a agência Reuters.

Em fevereiro de 2018, através da então CIRC (comissão reguladora do setor), o governo chinês tomou a Anbang (na altura considerada a quarta maior seguradora a operar no país), prosseguindo alegada campanha para reduzir riscos financeiros face à maré de conglomerados privados com atividade internacional e peso crescente no imobiliário e no setor financeiro chinês.

O antigo presidente de Anbang, Wu Xiaohui, pressionado a demitir-se, foi condenado pelas autoridades a 18 anos de prisão por crimes económicos associados a origem fraudulenta de financiamentos e desvio de fundos. Justificando a intervenção com a necessidade de assegurar a solvabilidade da companhia e limitar perdas decorrentes do elevado endividamento e atividades ilegais, as autoridades de Beijing aceleraram a venda de ativos (bancos, subsidiárias de seguros e hotéis) de que era proprietária ou detinha em participações fora do território da República Popular.

Dajia Insurance substituiu Anbang

Pouco mais de um ano depois de assumir a tutela da Anbang, colocando-a sob gestão de uma equipa governamental multidisciplinar, a Comissão Reguladora de Banca e Seguros da China (CBIRC) prolongou a gestão tutelada por mais um ano (até fevereiro de 2020) e anunciou, em julho de 2019, a criação do Dajia Insurance Group.

Esta nova empresa, detida em 98% por um fundo estatal (China Insurance Security Fund) e com o restante capital distribuído pelos minoritários China Petrochemical e a SAIC Motor, assumiu a gestão dos ativos não vendidos, ficando também encarregada de reestruturar a companhia e torná-la atrativa a investidores privados estrangeiros.

Sucedendo à Anbang, a Dajia desfez-se das atividades internacionais que não estavam diretamente ligadas à atividade seguradora e, graças a uma injeção de fundos públicos estimada em cerca de 10 mil milhões de dólares, estabilizou financeiramente o grupo. Simultaneamente, segundo determinado pela CBIRC (Comissão Reguladora de Banca e Seguros da China), a Anbang manteve-se impedida de desenvolver nova atividade, mas a cumprir obrigações perante os clientes cujos contratos de seguro venceram no início de 2020.

A Anbang foi fundada em 2004 e, em poucos anos, deixou de ser apenas uma seguradora (no setor imobiliário e ramo automóvel) agigantando-se como um poderoso conglomerado diversificado. Em 2014, a companhia foi notícia pela compra do Waldorf Astoria, um imóvel histórico da hotelaria nova-iorquina (por cerca de 2000 milhões de dólares), e por tentativas (fracassadas) de aquisição de filiais sul-coreanas da Allianz.

Em 2018, já sob desconfiança das autoridades de Pequim – apostadas em travar a propagação de grupos privados que, de forma descontrolada e algum apoio político, beneficiavam da abertura do regime chinês -, a Anbang ostentava um balanço com ativos de valor superior a 250 mil milhões de euros, elevado endividamento, 30 mil empregados e 35 milhões de clientes.

Depois de 130 mil milhões de euros em ativos desinvestidos desde que a antiga CIRC (entidade entretanto integrada no CBIRC) assumiu controlo do grupo fundado por Wu Xiaohui, a Dajia assumiu a operação dos ativos ligados a seguros Vida e pensões, além das atividades de gestão de ativos. Foi ainda entregue à Dajia a tarefa de criar outra companhia para se ocupar do que restou dos seguros P&C (Propriedade e danos) da antiga Anbang.

Recorde-se que Wu Xiaohui, fundador e ex-presidente da Anbang, era casado com uma neta de Deng Xiaoping, antigo líder do PC chinês. Por causa desta ligação familiar, o malogrado empresário gozava de apoios políticos para crescer nos negócios, reporta a imprensa internacional.

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