PwC: 2017 é o ano em que a globalização fica em segundo plano

  • Marta Santos Silva
  • 13 Janeiro 2017

Os economistas da PwC deixam as suas antevisões para 2017. O ECO escolhe cinco a que deve estar atento: da China aos EUA passando pelo Golfo Pérsico e pelo emprego na Europa.

O que esperar de 2017? Para saber o que antecipar, seja para fazer um bom plano empresarial ou apenas para não se deixar apanhar de surpresa, vale a pena consultar previsões como a da consultora PwC, cujos economistas deixam algumas notas relativas ao que este ano vai trazer para as economias mundiais.

A consultora começa por sublinhar a importância da crescente incerteza na Europa, que espera não uma, nem duas, mas três eleições decisivas, na Alemanha, em França e na Holanda, com a possibilidade ainda de atos eleitorais também em Itália e na Grécia, o que “equivale a mais de 70% do PIB da zona euro”. No campo das relações internacionais também é de destacar a mudança na relação entre os Estados Unidos e a Rússia, a começar já no dia 20 de janeiro quando Donald Trump tomar posse como Presidente dos Estados Unidos, o que “poderá ter efeitos na Europa Oriental, no Médio Oriente e potencialmente no Leste Asiático, assim como no acordo nuclear com o Governo iraniano”, lê-se no resumo das previsões da PwC.

O ECO escolheu cinco pontos da análise da PwC a que importa prestar especial atenção no ano que se aproxima.

A globalização fica em segundo plano

Pelo terceiro ano consecutivo, o comércio global vai crescer a um ritmo inferior ao do crescimento do PIB, prevê a consultora. Isto por terem falhado duas grandes negociações para o comércio livre — o TPP, tratado que iria ligar os Estados Unidos com países da orla pacífica, e o TTIP, entre a União Europeia e os EUA, que já foi declarado morto por Angela Merkel — e também pelo “ressurgimento do nacionalismo económico nalgumas partes do mundo”.

A maior rota comercial bilateral do mundo, entre a China e os Estados Unidos, pode vir a ser perturbada com Donald Trump, abertamente hostil em relação à China, na Casa Branca.

Estados Unidos lideram o crescimento no G7

A maior economia do mundo, a dos EUA, deverá progredir 2% em 2017, com o crescimento mais forte do G7, graças à forte criação de emprego e ao aumento do consumo das famílias. Isto fará dos Estados Unidos a economia a crescer mais intensamente no grupo, contribuindo com 70% do crescimento registado nessas economias.

A Ásia vai continuar a ser a região que mais cresce, com a China e a Índia a empurrarem o crescimento mundial, contribuindo, entre si, para mais de metade do aumento do PIB mundial. O Brasil e a Rússia, por sua vez, vão continuar a crescer pouco, em 0,5% e 1% respetivamente. A zona euro vai ver a sua contribuição para a economia mundial aumentar relativamente a 2016, como pode ver no gráfico abaixo.

Contribuições para o crescimento do PIB mundial

(p) = previsão. Fonte: PwC e FMI.
(p) = previsão. Fonte: PwC e FMI.

Periferia da UE lidera criação de emprego

“Prevemos que as economias ‘periféricas’ cresçam mais depressa do que o ‘centro’ pelo quarto ano consecutivo”, destaca o relatório da PwC, apontando para a Irlanda como o país cujo PIB vai crescer mais. E não é só no crescimento do PIB que os países da periferia lideram.

No ano que vem, a criação de empregos vai chegar a um nível recorde na União Europeia, mas o destaque vai para as economias periféricas onde se espera que se criem mais 100 mil empregos do que no centro da UE.

Criação de emprego em cadeia, do segundo para o terceiro trimestre de 2016

Fonte: Eurostat (Dados cadeia, relativos ao terceiro trimestre de 2016, valores em percentagem)
Fonte: Eurostat (Dados cadeia, relativos ao terceiro trimestre de 2016, valores em percentagem)

Nos dados trimestrais do Eurostat, Portugal liderava a criação de emprego em cadeia do segundo para o terceiro trimestre de 2016.

China vai sentir os custos do peso da dívida dos privados

Até ao fim de 2017, a PwC projeta que a China acrescente 650 mil milhões de dólares à sua dívida total, que é especialmente pesada devido à dívida do setor não financeiro: pesa mais do que 250% do PIB.

A acumulação desta dívida tem aumentado desde 2008, mas 2016 foi especialmente preocupante por haver “vários indicadores que poderão levar a crer que haja uma crise no país nos próximos três anos”, o que será acentuado se se verificar a existência já muito discutida de uma bolha no setor imobiliário.

Países do Golfo Pérsico vão ter de mudar as finanças públicas

O aumento da população na Arábia Saudita e nos restantes países do Golfo Pérsico vai ter de impulsionar medidas drásticas para reformar as finanças públicas, escrevem os analistas da PwC, já que precisam de criar emprego numa altura em que “a queda do preço do petróleo nos últimos anos teve um forte impacto nas finanças dos vários países, originando défices na ordem dos 10% do PIB em economias que outrora verificavam superavits“.

A população de trabalhadores da Arábia Saudita vai aumentar em 2017 no equivalente de duas Islândias, e os restantes países do Golfo Pérsico também vão ver o seu número de trabalhadores a aumentar em cerca de 2%. “A diversificação da economia no setor privado irá criar algum alívio nas contas públicas, bem como a criação de novos postos de trabalho para uma cada vez maior força de trabalho”, recomenda a PwC.

 

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