Incerteza entre Trump e Biden ainda não assusta bolsas europeias
Os investidores na Europa estão em modo de espera enquanto não há um resultado eleitoral nas presidenciais norte-americanas. Se a contagem de votos for levada a tribunal, a incerteza poderá agravar.
Sem “onda azul”, mas ainda com esperança que Joe Biden possa chegar a Presidente dos Estados Unidos, as bolsas europeias fecharam em alta. Apesar da elevada incerteza nas eleições norte-americanas e de uma volatilidade nos mercados, a sessão acabou por ser positiva com os investidores a mostrar esperança que não haja um agravamento das tensões entre os dois partidos.
A Europa acordou com Donald Trump a autoproclamar-se Presidente dos Estados Unidos por mais um mandato e as bolsas, que apostavam numa vitória de Joe Biden, responderam em conformidade, ou seja, a desvalorizar. No entanto, foi-se tornando mais claro que a corrida é ainda mais renhida que o esperado e o democrata ainda poderá chegar à Casa Branca.
O índice europeu Stoxx 600 fechou a ganhar 1,9%, enquanto o alemão DAX subiu 1,74%, o francês CAC 40 avançou 2,5%, o britânico FTSE 100 somou 1,6%. O português PSI-20 teve ganhos mais modestos, com uma valorização de 0,45% para 4.067,95 pontos, com ajuda da subida de 3% da Nos, de 1,4 da EDP e 1,2% da Jerónimo Martins. Em sentido contrário, a Galp Energia perdeu 1,3%, a EDP Renováveis cedeu 1,07% e o BCP deslizou 0,52%.
Mesmo com a recuperação das ações europeias, os juros das dívidas continuam em queda, sendo que a yield das obrigações a dez anos está a negociar no mínimo histórico em 0,077% e as Bunds alemãs em -0,64%. O juro das Treasuries norte-americanas com esta maturidade recuam para 0,768%. Também viu o dólar norte-americano valoriza (0,07% face ao euro), enquanto os preços do ouro cedem.
“Os mercados gostam de factos concretos. Mas existe o que sabemos e o que não sabemos“, explica Franck Dixmier, global CIO fixed income da Allianz Global Investors. “Já é certo que o impasse constitucional vai continuar, provavelmente com um Senado republicano e um Congresso democrata, mais uma vez a forçar a coabitação. Também é certo que um plano de recuperação é inevitável, tendo em vista o panorama macroeconómico americano. Mas, por causa da coabitação, pode não ser tão massivo quanto o esperado, mesmo que Joe Biden seja eleito. Por outro lado, ainda não sabemos quem será o próximo Presidente dos Estados Unidos e como se vai desenvolver esse período de incertezas“.
À hora do fecho das bolsas europeias, Joe Biden está na liderança, com 238 delegados, contra 213 assegurados por Donald Trump. No entanto, falta ainda conhecer dados de estados chave que podem determinar o resultado. O atual Presidente republicano ameaçou recorrer ao Supremo Tribunal para travar a contagem de votos que considera terem sido lançados “fora de prazo”, acusando os democratas de estarem a tentar “roubar as eleições”.
A candidatura democrata à Casa Branca disse que vai contrariar os esforços do rival judicialmente. Se o desafio permanecer a nível legal, os mercados poderão conseguir evitar a alta volatilidade. No entanto, se o desafio legal, alimentado pelo próprio Trump, se transformar em demonstrações massivas e violência, os mercados podem ver uma fuga dos ativos de risco.
“É improvável que esta volatilidade limitada se mantenha. Pensamos que quanto mais o processo se arrastar, mais apoio veremos para os portos-seguros (incluindo o dólar) à custa de quase todas as outras moedas“, sublinha Matthew Ryan, senior market analyst da Ebury. “O resultado na Pensilvânia e em Michigan pode não ser conhecido até sexta-feira, pelo que pode levar alguns dias antes que o resultado final seja conhecido. Trump já declarou a sua opinião de que houve fraude eleitoral, portanto, uma vitória de Biden seria, sem dúvida, contestada pelo presidente, o que arrastaria o processo ainda mais para o futuro e pesaria no sentimento de risco”.
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