AON Portugal diz que há flexibilidade no mercado segurador para compensar as empresas em planos de saúde
Os custos das empresas com planos de saúde deverão aumentar em Portugal cerca de 3%. A corretora de seguros Aon admite que o mercado segurador poderá compensar as empresas.
Os custos das empresas com planos de saúde deverão aumentar em Portugal cerca de 3% em termos brutos (excluindo o efeito da inflação), projeta o 2021 Global Medical Trend Rates Report, um estudo mundial divulgado pela Aon Plc, especialista de serviços profissionais nas áreas do risco, reforma, saúde e pessoas.
O relatório analisa as tendências ao nível da gestão dos custos associados a planos de saúde disponibilizados pelas empresas aos seus colaboradores. O documento sinaliza tendência a nível mundial para um aumento dos custos com planos de saúde a alcançar, previsivelmente, os 7,2% em 2021, revelando um abrandamento face a 2020, período com variação estimada de 8,0%.
Apesar da previsão de aumento dos custos, “derivados quer de patologias agravadas por estilos de vida pouco saudáveis (baixos níveis de prevenção/deteção precoce, pobre gestão de stress), quer pela crescente prevalência de doenças crónicas (no top de patologias com maior impacto nos custos com saúde em Portugal temos doenças cardiovasculares, patologias de foro oncológico e diabetes)”, este abrandamento do ciclo de crescimento dos custos, tendência a que Portugal não escapa (-0,5% face a 2020), leva a que o impacto que as empresas irão sentir no investimento em planos de saúde em 2021 “seja o mais baixo alguma vez registado”.
De acordo com Rita Silva, Senior Associate da Aon Portugal na área de Health Solutions, esta realidade pode ser justificada “pelo ajustamento dos prémios de seguro, por parte do mercado, à redução do consumo verificado em consequência das medidas de confinamento que implicaram a restrição de circulação de pessoas e o encerramento de alguns estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde (além do receio que algumas pessoas sentiram em regressar a estes espaços, pela perceção de tinham de um maior risco de contágio)”.
Porém, acrescenta Rita Silva, “as empresas preveem que a utilização destes planos retome os seus níveis normais no próximo ano, acompanhando a gradual retoma das atividades económicas. Estamos, por isso, conscientes de que se trata apenas de um efeito de desfasamento até com potencial agravamento: diagnósticos que não foram feitos atempadamente, tratamentos que foram adiados, intervenções menos urgentes que ficaram em stand by e que, inevitavelmente, terão impacto no aumento dos custos em saúde no futuro”.
O estudo Aon inclui detalhes sobre a situação concreta de Portugal, nomeadamente ao nível das patologias que mais contribuem para os custos de saúde e das formas de mitigação que estão a ser adotadas pelas empresas para controlar esses custos. Fonte da Aon Portugal explicou a ECO Seguros que “os principais fatores com impacto nos custos dos planos de saúde privados, em Portugal, são situações de Internamento, consultas e exames complementares de diagnostico, estomatologia e fisioterapia. O que, em parte, difere do que se observa na restante região da Europa onde o investimento em serviços de prevenção surge já como um dos principais triggers dos gastos com saúde”.
De forma a mitigar um cenário de aumento dos custos em saúde, “são cada vez mais as empresas que adotam estratégias de promoção da saúde e bem-estar dos seus colaboradores”. De acordo com o estudo, estes programas centram-se, na maioria, em estratégias de deteção (90%), sensibilização (79%) e intervenções ao nível do bem-estar (78%). No que concerne às medidas adotadas, 87% das empresas inquiridas afirma realizar check-ups físicos regulares aos colaboradores, seguidas de 75% de empresas que utilizam ferramentas de comunicação para sensibilizar para hábitos de saúde e bem-estar, e de 67% que realizam diagnósticos à visão e atividades físicas.
“Em Portugal, no top 3 de estratégias de mitigação dos custos em saúde encontramos também a implementação de planos de benefícios flexíveis como forma de otimizar o investimento total em benefícios”, acrescenta a Aon em resposta a questões de ECO Seguros.
A experiência local da Aon Portugal indica uma “tendência crescente da extensão do âmbito de ação das seguradoras ao nível de questões que, historicamente estavam fora do âmbito dos Planos de Saúde” colocando em perspetiva “soluções de apoio à saúde mental – consultas de psicologia online – e programas de bem-estar mais holísticos que passaram a estar incluídos no serviço padrão das seguradoras para clientes corporativos e que facilitam o acesso a workshops e programas de gestão de stress, ergonomia, nutrição, entre outros”.
Adicionalmente, a oferta ao nível de soluções de saúde digitais/online “tem vindo também a ocupar um espaço significativo na forma como os planos de saúde têm sido ajustados”, nota a Aon Portugal.
Ao nível das renovações dos Planos de Saúde privados, considerando a redução do consumo que foi observado em 2020 (em virtude da pandemia e dos consequentes lockdowns referidos no estudo de âmbito global) “há alguma flexibilidade do mercado segurador para compensar as empresas, no sentido de atribuir bónus em relação aos resultados de 2020 – devolução de uma percentagem do prémio pago, que tem variado entre 3% a 5% – ao invés de uma redução do prémio para 2021″. Isto porque, explica a companhia, “prevê-se uma retoma da utilização dos planos privados e, inclusive um aumento do custo relacionado com tratamentos que foram adiados ou situações que não foram devidamente diagnosticadas em 2020, pelo qualquer redução de prémios para o próximo ano terá uma probabilidade significativa de levar a desequilíbrios nos contratos em 2021”.
De acordo com a Aon, mais de 95% das organizações reconhece a relação existente entre a saúde e o desempenho dos colaboradores e que colaboradores com um índice de bem-estar geral mais forte, são mais produtivos e têm mais probabilidade de estarem mais comprometidos com os seus trabalhos.
Existe uma “necessidade objetiva de apoiar os colaboradores através de mecanismos de coach e educação, disponibilizando conteúdos, dicas e recomendações e incluindo também no processo fatores de recompensa e reconhecimento, que incentivem a mudança para estilos de vida mais saudáveis, o que terá, necessariamente, um impacto positivo nos custos com saúde a médio prazo”, explica ainda a fonte.
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