Privados com 669 camas afetas ao SNS, 86 para doentes da pandemia
Os hospitais privados disponibilizaram ao Serviço Nacional de Saúde 669 camas, 86 das quais para doentes Covid-19, revelou o presidente da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada.
Os hospitais privados disponibilizaram ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) 669 camas, 86 das quais para doentes Covid-19, revelou esta sexta-feira o presidente da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP).
Num comunicado, a associação escrevia que nos últimos dias os hospitais privados têm sido contactados por algumas Administrações Regionais de Saúde (ARS) para formalizar a relação com as unidades do SNS e em declarações à Lusa o presidente adiantou que foram já disponibilizadas mais de 660.
“Neste momento, o número total de camas que estão a ser afetas ao SNS é qualquer coisa como 580 camas para não-covid e 86 para covid-19”, afirmou, precisando mais tarde o número de camas para os outros doentes, que é de 583.
O número mais reduzido de camas para o internamento de doentes com covid-19 é explicado pelo facto de os hospitais privados não estarem preparados para receber estes pacientes em número elevado, uma vez que durante a pandemia mantiveram a sua atividade habitual.
“Sem haver uma reprogramação maior das próprias estruturas e das equipas, normalmente os hospitais privados não estão preparados para receber Covid e, portanto, essas 86 camas que agora aparecem já decorrem daquilo que é o esforço que estamos a fazer no sentido de dar satisfação àquilo que é uma necessidade nacional”, justificou.
Segundo Óscar Gaspar, a maioria dos pedidos chegou da ARS do Norte, onde também se têm registado a maioria dos novos casos nas últimas semanas, mas também já surgiram contactos da região de Lisboa e Vale do Tejo.
“Suponho que as ARS estão a fazer os contactos de acordo com as necessidades que têm”, disse o presidente da APHP, acrescentando que os hospitais privados estão disponíveis para alargar a sua colaboração.
Questionado sobre até onde poderia ir essa colaboração, explicou que isso está dependente do tempo de preparação necessário, mas assegurou que se houver necessidade, não deixariam de responder.
Essa resposta poderá passar por ajustar a atividade normal, de forma a aumentar o número de camas afetas ao SNS, como fizeram os hospitais públicos. “O Governo tem dito que o SNS é elástico e eu diria que, obviamente numa outra dimensão, nós também temos elasticidade para aumentar”, sublinhou Óscar Gaspar, reiterando, por outro lado, que o valor pago pelo Estado não entra sequer na equação.
Em comunicado, a AHPH refere que o Ministério da Saúde decidiu administrativamente valores abaixo do preço de custo, mas à Lusa o presidente da associação disse que isso não é impeditivo do envolvimento dos privados. “Independentemente do preço, a nossa disponibilidade existia, manifesta-se e está a ser cumprida com esta disponibilização efetiva de camas”, sublinhou.
Óscar Gaspar aproveitou ainda para elogiar as declarações do primeiro-ministro, António Costa, que rejeitou esta sexta-feira “fantasmas” utilizados por quem traça fronteiras ideológicas entre o Estado e os setores social e privado.
“Acho que hoje todos nós compreendemos que o país está sob a ameaça da Covid-19 e aquilo que interessa é termos uma resposta. E para essa resposta temos de dar as mãos, partilhar recursos e suprir aquilo que sejam as necessidades de uns e de outros”, disse o representante dos privados.
Portugal atingiu esta sexta-feira um novo máximo de casos diários de covid-19 ao contabilizar mais 6.653 nas últimas 24 horas e registou 69 óbitos, segundo o boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS). Desde o início da pandemia, Portugal já registou 3.250 mortes e 204.664 casos de infeção pelo novo coronavírus, estando até esta sexta-feira ativos 84.032 casos, mais 2.891 do que na quinta-feira.
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