Jane Goodall: “É urgente proteger a natureza e o tempo não é amanhã, é agora. É hoje”

No Web Summit, a primatóloga e antropóloga afirmou que o tempo de agir em proteção do planeta "é hoje" e criticou a conduta das pessoas que continuam "as business as usual".

Jane Goodall, no Web Summit.

As grandes empresas estão focadas há demasiado tempo no fim da linha. E claramente isto não faz sentido. Acredito que a pandemia é uma wake up call nesse sentido. Precisamos de uma conexão diferente com o planeta. E os consumidores podem ter um enorme impacto nisto”, disse esta tarde Jane Goodall, na conferência de imprensa que se seguiu à intervenção da primatóloga no Web Summit.

A especialista e fundadora do Instituto com o seu nome assumiu que “vivemos tempos negros” em matéria de sustentabilidade e cuidado com o planeta. “É urgente proteger a natureza, e o tempo não é amanhã, é agora. É hoje“.

Antes, na conversa que decorreu no palco principal do Web Summit, Jane Goodall afirmou que a pandemia é, de alguma forma, consequência do comportamento humano das últimas décadas. “A Covid-19 implica perda de vidas, de trabalho e um caos económico. Mas isto também decorre daquilo que temos feito, enquanto destruímos habitats, forçando os animais a conviver com pessoas, traficamo-los… o pet trade em todo o mundo. Estamos a criar um ambiente em que um vírus como este pode prosperar“, afirmou.

“Temos um ambiente muito desafiante, nos locais onde trabalhamos”, alerta Pieter Van Midwoud. “Não se trata apenas de planos para plantar árvores – e estamos a plantar 600 espécies nativas em todo o mundo”, detalha. “A proteção das florestas que existem é tão importante como a plantação de novas árvores, explica Pieter Van Midwoud, cuja organização trabalha de perto com o Instituto num projeto no Uganda, por exemplo, que serviu de exemplo à conversa.

“Se não tivermos uma relação melhor com a natureza e com uma economia mais sustentável, se continuarmos as business as usual, as espécies vão extinguir-se. E nós precisamos da terra, por isso temos de salvar o mundo de alguma forma. Precisamos de tecnologia, low-tech e comunidades”, alertou Jane Goodall.

Para a primatóloga e antropóloga, “o intelecto humano é uma das razões que me dão esperança”. “A resiliência da natureza também. Estas árvores podem sobreviver se forem plantadas. A janela do tempo está a fechar-se e estas soluções tecnológicas são muito importantes, mas temos de deixar de envenenar os solos, os animais e a nós mesmos“, assinalou. Entre as razões que dão esperança à especialista estão algumas inovações tecnológicas mas também “as alterações na forma como as pessoas vivem”, mais orientada para a natureza e a sua preservação.

A janela do tempo está a fechar-se e estas soluções tecnológicas são muito importantes, mas temos de deixar de envenenar os solos, os animais e a nós mesmos.

Jane Goodall

Na conferência de imprensa que se seguiu à sessão que juntou Jane e Pieter, a especialista em primatas e o “especialista em plantar árvores”, puderam responder a perguntas. “É preciso fazer o que podemos para forçar os políticos a fazer o que podem”.

Sobre o que pensa sobre os veículos elétricos, a especialista disse que, apesar de não ser um “guru” no tema, “os veículos elétricos são sempre melhores do que os alimentados a combustíveis fósseis. E melhoram a cada dia que passa”.

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