BRANDS' TRABALHO Com a transformação digital em curso, que talento recrutar?
Tânia Ribeiro, Senior Manager EY, People Advisory Services, fala das competências do futuro - mais holísticas, menos técnicas - e do dilema de recrutar internamente ou ir ao mercado.
As grandes organizações, líderes de mercado incontestadas, começam a rarear. Independentemente da dimensão ou estatuto, todas têm de se colocar em causa, de se ir reinventando para acompanhar os tempos e continuar a ter uma proposta de valor interessante para os seus clientes, parceiros, colaboradores e comunidade em geral.
Mas os mercados, pressionados por uma economia digital global, seguem a uma velocidade desenfreada, com os desafios a sucederem-se em catadupa e as organizações a não conseguirem tirar o pé do acelerador, com receio de perder a corrida. Transformar é imperativo. Digitalizar o negócio um requisito essencial. O problema é que por vezes o urgente se sobrepõe a um pensamento estratégico e decisões extemporâneas são tomadas.
No que ao talento diz respeito, é uma premissa consensual que a qualidade das organizações é a qualidade das suas pessoas. Está claro também que novos tempos exigem novas competências, e exigem-nas com urgência, pois o negócio não pode abrandar. Muitas organizações, pressionadas, estão a ir ao mercado à procura das ditas competências, do tal talento do futuro. Mas que talento é este? E será que a melhor opção é ir ao mercado?
"Competências como global mindset, gestão na ambiguidade, entrepreneurship, resolução de problemas complexos, gestão de stakeholders e influência, determinarão cada vez mais o sucesso das organizações.”
Existe a ideia de que se a transformação em curso é digital, são essas as competências que temos de assegurar. A guerra está instalada, com as empresas a lutarem afincadamente pelos melhores recursos. De facto, assegurar boas competências digitais é um requisito essencial para o sucesso, mas os mercados são demasiado complexos, velozes e voláteis, para acharmos que tudo se encerra nessa simplicidade. Para fazer face a tamanhos desafios, as competências do futuro tendem a ser cada vez mais holísticas (menos técnicas), encerrando em si uma diversidade de saberes e uma orientação mais estratégica. Competências como global mindset, gestão na ambiguidade, entrepreneurship, resolução de problemas complexos, gestão de stakeholders e influência, determinarão cada vez mais o sucesso das organizações.
Isto é o que as macrotendências nos dizem, em alinhamento com o evoluir dos mercados. Mas face à criticidade do tema, cada organização deve ser cirúrgica no apuramento das suas competências de futuro, cruzando-as com os desafios do setor e estratégia organizacional. Com este mapeamento realizado, estamos em condições de identificar as competências que já asseguramos internamente e aquelas que necessitamos de recrutar. Mas atenção, estudos indicam que uma percentagem elevada de organizações não sabe que talento tem em casa! Esta análise é importante para elaborar a lista de prioridades que melhor serve o negócio.
A questão que se segue é: ir ao mercado ou recrutar internamente? A opção inicial é muitas vezes ir ao mercado, numa tentativa de ganhar velocidade. Assiste-se agora, no entanto, a um movimento inverso. Afinal este talento é escasso e, por conseguinte, caro e difícil de encontrar. Acresce ainda o investimento de aculturação que tem de ser realizado. Ganha-se, por outro lado, sentido crítico, novas experiências e perspetivas. Recrutar internamente, através do desenho de um programa acelerador de competências, é uma outra boa opção: permite alinhar, motivar e preparar os colaboradores para os desafios do futuro, possibilitando-os de participar em novas experiências.
Em suma, a transformação exige velocidade, mas porque o futuro não é linear, temos de abrandar em momentos críticos e refletir, para garantir as melhores decisões.
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