Marques Mendes: “A TSU ofuscou o défice”
Marques Mendes critica a forma como o Governo anunciou que o défice será, em 2016, inferior a 2,3%. E revelou que o crescimento em Portugal, o ano passado, poderá chegar aos 1,4%.
Depois do chumbo da Taxa Social Única, que é quase certo, esta quarta-feira no Parlamento, o Governo vai apresentar um plano B, sublinhou Marques Mendes. Para as PME a solução será de caráter legislativo, como por exemplo, ao nível do Pagamento Especial Conta, já para as Instituições Privadas de Solidariedade Social (IPSS) a opção do Executivo deverá recair por um aumento das transferências para estas instituições, acrescentou o comentador.
“Se PSD, PCP e Bloco votarem, juntos chumba” a proposta de redução da Taxa Social Única em 1,25 pontos para as empresas que aumentam o salário mínimo. “Julgo que a seguir vamos ter um plano B, nos dias seguintes à votação. Vão ser algumas medidas compensatórias”, sublinha Marques Mendes. “No caso das IPSS e Misericórdias serão medidas de caráter administrativo, como por exemplo, transferências maiores. No domínio das PME terão de ser medidas de caráter legislativo, feitas por decreto lei”. Mas aí, lembra, “têm de ser acertadas com o PCP e com o Bloco, como o Pagamento Especial por Conta ou outras”.
Uma negociação que, se tivesse existido ao nível da TSU, teria evitado o chumbo da medida. O comentador, no seu espaço habitual na SIC — hoje extraordinariamente ao sábado, por causa da entrevista que o Presidente da Republica dará à mesma estação de televisão este domingo –classificou esta como “péssima” para António Costa. E quanto ao dia do debate quinzenal foi “daqueles em que nem sequer devia ter saído de casa”, ironiza.
Marques Mendes aponta o falhanço de estratégia e de marketing político, porque o primeiro-ministro iniciou o debate quinzenal com o anúncio de que o défice ficaria, em 2016 não será superior a 2,3% — o que permitirá a Portugal sair do procedimento por défices excessivos –, um anúncio que acabou por ser “ofuscado” pela discussão da TSU.
“Este será o défice mais baixo da democracia portuguesa. Há um ano ninguém acreditava, da direita à esquerda. Provavelmente nem eu”, sublinhou. Mas um marco destes, que vai permitir a Portugal “sair da lista negra” do PDE, reduzir a dívida e, consequentemente impostos, “foi comunicado da forma mais amadora possível”. “A TSU ofuscou o défice. O Governo que é muito profissional em termos de propagando esteve aqui mal”, concluiu.
No debate em que o grande tema foi a concertação social e a TSU, “Costa foi o que esteve pior porque foi encurralado à esquerda e à direita”, porque não teve uma linha condutora”. Assunção Cristas foi elogiada como sendo a figura teve o melhor desempenho no debate, apesar de ter “em alguns pontos ter sido excessiva”.
Marques Mendes alerta que este ano vamos assistir a uma “radicalização de discursos” por causa das eleições autárquicas, mas é perentório a sublinhar: “É impossível uma crise política este ano”.
O comentador da Sic considerou que Bloco e PSD são os dois partidos que “terão um discurso mais duro”, porque são aqueles que “mais dificuldades têm nas autárquicas”. Mas, no caso do PSD, “radicalizar o discurso é positivo porque anima as hostes”, mas tem “um problema, pois abandona o centro”, virando mais à direita, “deixando, assim, um espaço que o PS pode ocupar”.
Um crescimento de 1,3 ou 1,4% em 2016
Já nas notas finais, Marques Mendes revelou que os dados preliminares da economia nacional apontam para que o quarto trimestre tenha corrido melhor do que se esperava e que, por isso, será possível ter crescido em 2016 mais do que os 1,2% que estão inscritos no Orçamento do Estado para 2017. “Podemos ter crescido 1,3 ou 1,4%”, concluiu Marques Mendes.
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