“Dar apoios aos alunos não é um castigo, nem um pecado”, diz David Justino
Vários ex-ministros da Educação defendem que os professores possam continuar a acompanhar os alunos via zoom, mesmo com as aulas suspensas.
“Os colégios, ou qualquer escola pública podem aproveitar este tempo de confinamento para atividades extracurriculares, apoio aos alunos ou reforço do estudo”, defende o antigo ministro da Educação, David Justino.
O Governo decidiu que as aulas presenciais estão suspensas a partir desta sexta-feira, numa tentativa de travar a disseminação da Covid-19. O ministro da Educação especificou que a interrupção das atividades letivas tem efeitos não só no ensino público, mas também no particular e cooperativo.
E perante a notícia de que alguns colégios privados estariam a dar aulas por zoom, a dúvida é se estarão a violar a lei. “A questão que se coloca é se os privados estão a aproveitar para avançar com a matéria. É uma competição estúpida que não tem sentido”, diz ao ECO, David Justino, lamentando que nesta discussão possa estar em causa um “debate ideológico”.
Não se deve limitar as ações que as escolas entendem possíveis e aconselháveis para dar apoios aos alunos. Não é um castigo, nem um pecado.
Da mesma forma que as escolas podem dar apoio alimentar aos estudantes carenciados, também devem poder ajudar os alunos na componente letiva, defende o ministro da Educação de Durão Barroso, acrescentando que “devem ser as próprias escolas a tomar a decisão”.
“Não se deve limitar as ações que as escolas entendem possíveis e aconselháveis para dar apoios aos alunos. Não é um castigo, nem um pecado”, ironiza o também vice presidente do PSD. “Vamos tentar aliviar a situação de confinamento para que as crianças não fiquem os dias todos sem fazer nada ou agarrados às consolas”, acrescente.
A posição de David Justino não é única. Marçal Grilo considera que “não há razão para que professores contactem com estudantes, para que uma escola pública ou privada pegue no zoom e ponha os alunos em contacto com os professores”. Em declarações à RTP, o ministro da Educação de António Guterres sublinha que esse contacto não será “propriamente para aulas, para progredir no ano letivo, mas para consolidar conhecimentos”.
Não há razão para que professores contactem com estudantes, para que uma escola pública ou privada pegue no zoom e ponha os alunos em contacto com os professores.
Para Marçal Grilo “cada escola é uma escola” e há que “ter bom senso”, já que se vive “uma situação excecional”, “haverá outras excecionalidades a permitir”.
Numa publicação nas redes sociais Maria de Lurdes Rodrigues questiona porque razão não podem os colégios continuarem a dar aulas à distância. “Maioria dos colégios quer continuar com aulas à distância. Governo manda parar. Porque razão se proíbe a diversidade de iniciativas que podem manter as crianças com atividades e que podem ajudar os pais na tarefa difícil de conciliar o trabalho com a vida familiar”, diz a ministra da Educação de José Sócrates.
David Justino recorda ainda a promessa que o primeiro-ministro fez, no final do primeiro confinamento, de que todas as escolas estariam equipadas para o ensino à distância. De acordo com um inquérito levado a cabo pela Universidade Nova de Lisboa, onde leciona, junto de uma rede de 35 agrupamentos de escolas do país (5% do total) que gerem, os apoios não chegaram e os que existem foram assegurados, na maior parte dos casos pelas câmaras municipais.
“Não se aprendeu nada com a primeira vaga. Não há formação nem mobilização dos professores. Regressámos à estaca zero”, lamenta, já que tem a convicção de o fecho das escolas se via prolongar para lá destes 15 dias e que o ensino à distância vai ter de regressar.
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