BRANDS' TRABALHO Os programas empresariais no feminino fazem sentido?

  • PESSOAS + EY
  • 8 Março 2021

A propósito do Dia Internacional da Mulher, Isabel Ferreira, Business Development EY, reflete sobre os programas empresariais femininos.

Todos os anos, a propósito do Dia Internacional da Mulher, reacende-se, à escala global, o debate sobre a paridade de género, seja na via privada, em sociedade, ou no mundo dos negócios. E surge, para muitos, a mesma questão: os programas empresariais no feminino farão sentido?

A resposta é sim, partindo-se do pressuposto de que se prefere o “bom” ao “ótimo”, que tarda em chegar. No fundo, é o assumir da preferência por uma solução imperfeita para um problema que é complexo e está longe de ter fim à vista.

Vamos aos factos. Há mais mulheres do que homens na Europa, mas menos mulheres empreendedoras, menos mulheres em posições de liderança, de forma geral, e menos mulheres em vários setores e profissões. A nível global, e apesar do aumento significativo de mulheres em funções de decisão pública, elas detêm apenas cerca de 21% de posições ministeriais, apenas três países têm 50% ou mais mulheres no parlamento, e somente 22 países no mundo têm uma mulher como líder. E, apesar de os números de mulheres CEO nas empresas da Fortune 500 estarem em máximos históricos, apenas 7,4% das empresas constantes na lista são lideradas por mulheres. Em Portugal, só 16,2% dos lugares em Conselhos de Administração das empresas são ocupados por mulheres, contra 83,8% de homens. Esta é também uma realidade que se verifica nos negócios de cariz familiar, onde os homens tendem a assumir a continuidade do negócio.

"A igualdade de género tem potencial para acrescentar um enorme valor a nível global – trará maior produtividade, melhor desempenho, e é benéfica para a economia e para a sociedade.”

Isabel Ferreira

Business Development EY

Temos motivos para celebrar algum progresso, é certo, mas há ainda um longo caminho a percorrer no que diz respeito à paridade de género no mundo dos negócios. E esse gap sente-se tanto quanto mais empreendedora for uma mulher, quanto mais riscos estiver disposta a correr, porque aos obstáculos naturais que um empreendedor enfrenta, acrescem outros.

A EY celebra o empreendedorismo há mais de trinta anos, com o seu programa EY Entrepreneur of the Year onde, tanto nas suas edições globais como locais, a participação é essencialmente masculina. E é quando nos envolvemos numa causa que conhecemos realmente os seus obstáculos. Se as mulheres, historicamente, tiveram sempre menor inclinação para o empreendedorismo do que os homens (naturalmente porque também levaram mais tempo a aceder ao mercado de trabalho, facto a que se somarão questões culturais associadas a uma menor propensão para o risco e para a exposição, criando ou assumindo negócios principalmente por necessidade), hoje em dia, as mulheres empreendedoras deparam-se com dificuldades acrescidas no acesso a financiamento, ou na criação de redes fortes de contactos. Estas e outras dificuldades levarão, em alguns casos, a que empreendedoras de grande potencial prefiram – ou sejam forçadas a – manter operações de pequena escala, sem grandes ambições de crescimento.

Mas os tempos mudaram. Na EY acreditamos que as mulheres têm um papel vital a desempenhar no crescimento e na transformação dos mercados mundiais. Por isso, há cerca de uma década, e no âmbito do nosso contributo para defender a paridade de género no mundo dos negócios, a EY lançou o EY Entrepreneurial Winning Women (EWW). O programa, que tem como requisitos de participação, entre outros, a criação de um negócio inovador ou movido pela digitalização e com potencial para crescimento acelerado, abrangeu já, em 12 edições, 750 participantes, em 65 países.

"Neste Dia Internacional da Mulher, pensemos no enorme potencial contributo das mulheres para a construção de um mundo melhor de negócios.”

Isabel Ferreira

Business Development EY

Este é um programa onde as líderes de negócios têm acesso a mentores, que as acompanharão e darão aconselhamento, acesso a ferramentas e aceleradores de negócio, para que possam abraçar planos de crescimento ambiciosos, construir uma equipa de trabalho sólida, estabelecer as suas redes de contactos, expor-se no mercado e avaliar as melhores opções de financiamento. O objetivo final é fortalecer as suas capacidades para se tornarem líderes de mercado. Entre as participantes portuguesas tivemos já Juliana Oliveira, da Olimec, Carmen Vicente, da PPM Coachers e Amélia Santos, da Innuos. Este ano, a EY Portugal dinamizará a terceira edição do EWW.

O último Global Gender Gap Report, do World Economic Forum, estima que, a este ritmo, a Europa ocidental precise de mais 54 anos para que seja atingida a paridade de género, e que o mundo inteiro precise de 163 anos para que o gap se feche por completo. Mas o mundo não pode aguardar décadas e, muito menos, séculos. A igualdade de género tem potencial para acrescentar um enorme valor a nível global – trará maior produtividade, melhor desempenho, e é benéfica para a economia e para a sociedade.

As sociedades mais desenvolvidas são empreendedoras. O empreendedorismo é uma fonte indiscutível de criação de riqueza, de geração de postos de trabalho e de inovação, movida por pessoas que aceitam correr riscos, devolvendo muito do que colhem à comunidade. Imagine-se como seria a vida numa sociedade onde não houvesse empreendedorismo, onde não houvesse progresso, nem criação de valor. E imagine-se, então, como seria o panorama do empreendedorismo no mundo, se houvesse igual acesso de oportunidades para homens e mulheres. No fundo, se apenas se assumisse que não é razoável que se retirem as mulheres desta equação. Neste Dia Internacional da Mulher, pensemos no enorme potencial contributo das mulheres para a construção de um mundo melhor de negócios.

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