IFRS a caminho do reporte da Sustentabilidade

Em breve sairá a nova Diretiva de Informação Não Financeira que irá ditar as novas regras de reporte para as grandes empresas, não sabemos que as PMEs poderão já ser abrangidas ou ainda não.

A International Financial Reporting Standards Foundation (IFRS) afirmou em fevereiro que vai trabalhar no desenvolvimento de um standard global de relatórios de sustentabilidade, sendo expectável que anuncie na próxima do COP do Clima no Reino Unido, a criação de um conselho dedicado a esta tarefa.

Esta decisão teve por base uma consulta pública de três meses com início em outubro de 2020, em que foram colocadas 10 questões que pretendiam obter informação para responder às seguintes questões:

  • se há necessidade de existir um standard global de sustentabilidade;
  • se a Fundação IFRS deve desempenhar um papel;
  • e qual poderia ser o âmbito dessa função.

Esta consulta pública obteve 577 respostas, tendo os Trustees da fundação IFR afirmado que “As respostas indicam uma procura crescente e urgente para melhorar o cenário global consistência e comparabilidade dos relatórios de sustentabilidade, bem como um forte reconhecimento de que medidas urgentes precisam ser tomadas.”

Esta tendência de se criar um standard mundial para relatórios de sustentabilidade tem sido visível com a carta enviada por várias organizações – CDP, Climate Disclosure Standards Board, Global Reporting Initiative, International Integrated Reporting Council e Sustainability Accounting Standards Board – a Erik Thedéen Presidente da Task Force de Sustainable Finance da International Organization of Securities Commissions, sobre a necessidade de se trabalhar em conjunto para atender às necessidades dos mercados de capitais no que diz respeito à existência de um standar global de relatórios de sustentabilidade. Este trabalho conjunto está já em andamento.

Também em breve sairá a nova Diretiva de Informação Não Financeira que irá ditar as novas regras de reporte para as grandes empresas (não sabemos que as PMEs poderão já ser abrangidas ou ainda não), sendo muito provável que as empresas sejam obrigadas a reportar um conjunto muito mais específico de informação sobre os seus impactes ambientais, e sobre a forma como a empresa contribui ou não para os objetivos ambientais da Comissão Europeia. Também é ainda incerto como é que as recomendações da TCFD sobre os riscos climáticos serão incluídas nesta Diretiva, tendo em atenção que cumprir com a TCFD.

O que sabemos é que divulgar informação de acordo com a TCFD será obrigatória no Reino Unido em 2025. Sabemos também que Dinamarca criou um grupo de trabalho para monitorizar potencial Greenwashing associado à implementação das recentes regulações europeias sobre a divulgação de como as políticas de investimento estão de facto a ser incorporadas nas análises de investimento das instituições financeiras.

Entrámos assim num caminho sem volta para trás no campo do reporte de sustentabilidade. Ele será cada vez mais exigente e obrigatório. Os economistas e financeiros terão de aprender os mínimos de ambiente, e os engenheiros terão de simplificar a linguagem para que consigamos desenvolver uma nova forma de comunicar o que uma empresa é, e o impacte que realmente tem na sociedade. Quando a IFRS reconhece esta importância… está tudo dito.

  • Economista especializada em sustainable and climate finance

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