98 h de trabalho/semana, 5 horas de sono/noite. A vida dos jovens analistas do Goldman Sachs num relatório sobre as condições de trabalho no banco

No relatório sobre as condições laborais, os jovens colaboradores pedem que o limite semanal de horas de trabalho seja de 80 horas, ou seja, 16 horas diárias.

Noventa e oito horas de trabalho por semana, cinco horas de sono por dia. Estes são os números que ilustram a vida dos jovens analistas que trabalham no Goldman Sachs, revela um documento sobre as condições de trabalho realizado por jovens bancários no seu primeiro ano de contrato, que foi apresentando à direção do banco.

Os trabalhadores cumprem, em média, 95 horas semanais de trabalho, dormem apenas cinco horas por noite e deitam-se, regra geral, por volta das três da manhã. No relatório, os jovens colaboradores fazem alguns pedidos ao empregador, entre eles a definição de um limite semanal de horas de trabalho. O pedido é de que o trabalho se resuma a “80 horas”, o que significa 16 horas diárias.

Outro dos pedidos feitos pelos jovens analistas é que seja respeitada a política da sexta-feira à noite e do sábado, proibindo que os bancários juniores trabalhem depois das 21h de sexta-feira ou durante o sábado, sem uma exceção pré-aprovada, “visto que é o único tempo pessoal salvaguardado que temos”.

“Para dar o nosso melhor no trabalho, precisamos de estar descansados e livres de malabarismos de insuperáveis quantidades de fluxos de trabalho”, justificam os 13 analistas que participaram na elaboração do documento. Como consequência do fluxo de trabalho, os profissionais avaliam a sua saúde mental com uma classificação de 2.8 em dez pontos, e a saúde mental com uma nota de 2.3, também em dez. Antes de começarem a trabalhar no banco de investimento, estas pontuações eram de, respetivamente, 8.8 e nove pontos, representando descidas significativas.

Para os 13 analistas, o excesso de horas laborais tem consequências negativas nas relações com a família e amigos. Já 77% admite ter sido vítima de abusos no local de trabalho e 75% diz ter procurado ou considera procurar aconselhamento, terapia ou outros serviços para conseguir lidar com o stress.

“Às vezes eu não comia, não tomava banho nem fazia mais nada a não ser trabalhar de manhã até depois da meia-noite”. “O meu corpo dói-me fisicamente o tempo todo e mentalmente estou num lugar realmente escuro”. “Eu não vim para este emprego à espera de um horário das nove às cinco, mas também não esperava trabalhar sempre das nove da manhã às cinco da manhã”. “Não consigo dormir, porque os meus níveis de ansiedade estão a aumentar”. Estes são alguns dos depoimentos dos funcionários que podem ler-se no documento.

Estas experiências fazem com que a média de satisfação dos jovens que compõem o relatório na empresa seja tão baixa, de dois pontos em dez. Os inquiridos atribuem a mesma pontuação quando questionados sobre se estão satisfeitos com o equilíbrio entre vida profissional e pessoal. E, se questionados apenas se estão contentes com a sua vida pessoal, a pontuação baixa para apenas um ponto.

De acordo com a BBC, o Goldman Sachs já se pronunciou, dizendo que pretende reduzir a pressão nos seus colaboradores mais jovens, nomeadamente permitindo que a partir das 21h de sexta-feira não se trabalhe. No entanto, David Solomon, presidente executivo do banco de investimento, recorda que, “se todos fizermos um esforço adicional pelo cliente, mesmo quando sentimos que estamos a chegar ao nosso limite, podemos marcar a diferença”.

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