S&P lança preços do Hidrogénio no Reino Unido

Há países em que se definem políticas públicas ambiciosas, os investidores avançam e as falhas de mercado começa a desaparecer devido à dinâmica de mercado, e os investimentos acontecem

Se em Portugal ainda se questiona o potencial do hidrogénio e o papel que o país pode ter nesta tecnologia, o Reino Unido — relembro, um país com um governo de centro/direita — não tem dúvidas quanto ao seu potencial, e quer posicionar-se como líder nesta tecnologia.

Em novembro de 2020 quando Boris Johnson divulgou o seu plano de 10 ações para a Revolução Industrial Verde no Reino Unido, uma delas era a geração de 5 GW de capacidade de produção de hidrogénio de baixo carbono até 2030 para a indústria, transporte, energia e residências, e com o objetivo de desenvolver a primeira cidade totalmente aquecida a hidrogénio até o final da década. Uma outra ação é desenvolver as tecnologias de ponta necessárias para alcançar as novas ambições de energia e tornar a cidade de Londres o centro global de finanças verdes.

De acordo com o ESG Today, desde o anuncio do primeiro-ministro Britânico de que o hidrogénio era uma prioridade para o país, várias empresas de energia começaram a fazer planos para desenvolver a capacidade de produção de hidrogénio. Em dezembro de 2020, a instituição financeira Macquarie Green Investment Group (GIG) e a empresa de redes de gás SGN, anunciaram o compromisso em desenvolverem um super-hub de hidrogénio no Porto de Southampton, no sul do Reino Unido. A BP também já anunciou planos para a criação de hidrogénio azul, com uma capacidade esperada de 1 GW até 2030.

Num contexto em que os investidores acreditam no potencial económico do hidrogénio, e na palavra do primeiro-ministro, os players dos mercados financeiros entram em ação. E se uma das falhas de mercado é não ter conhecimento sobre os custos de produção de hidrogénio, nem o seu valor médio que poderá servir de benchmark, então players como o S&P entram em jogo.

Assim, a 1 de abril o S&P Global Platts Price, passou a disponibilizar informação também sobre os vários preços de hidrogénio no Reino Unido, contribuindo para o desenvolvimento do mercado de hidrogénio do país. Uma vez que os participantes do mercado não tinham informação de referencia sobre os preços, custos e investimentos associados ao hidrogénio, a S&P Global Platts decidiu criar e divulgar esses dados relativos ao Reino Unido.

Atualmente, são publicados diariamente 10 blocos preços regionais sobre Estados Unidos, um bloco de preços sobre Canadá, Holanda e Japão. Desde 1 de Abril tem-se também do Reino Unido. Os preços divulgados refletem o custo da produção da commodity hidrogénio, e o custo de capital associado à construção de uma fábrica de hidrogénio. O preço também inclui os custos associados às emissões de CO2 no processo. Informação sobre a metodologia pode ser lida aqui.

Lição que podemos tirar de tudo isto: há países em que se definem políticas públicas ambiciosas, os investidores avançam e as falhas de mercado começa a desaparecer devido à dinâmica de mercado, e os investimentos acontecem. Há países em que se definem políticas públicas ambiciosas, mas devido a uma expectativa de incerteza na continuidade das políticas, à inércia dos players financeiros, ao “complicómetro” que acompanha a “coisa pública” e ao pessimismo crónico da elite face à inovação, pouco acontece. E assim se perdem oportunidades. Porque não mudar?

  • Economista especializada em sustainable and climate finance

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