Portugueses ainda querem ser vacinados com AstraZeneca, apesar da confiança ter sido abalada
Defesa do consumidor fez um inquérito em quatro países sobre a confiança na vacina da AstraZeneca. Portugueses são os mais confiantes, sendo que 59% iria tomar a vacina sem hesitar.
Um estudo da Deco Proteste indica que a maioria dos portugueses ainda quer ser vacinada com o fármaco da AstraZeneca, apesar de a confiança ter sido abalada com os casos de coágulos sanguíneos reportados. O inquérito da defesa do consumidor foi feito em quatro países (Portugal, Espanha, Itália e Bélgica) e a confiança nas vacinas contra a Covid-19, na britânica ou noutras, é superior nos portugueses.
A Deco quis apurar como estava a confiança das pessoas face à vacina da AstraZeneca depois das grandes polémicas que têm vindo a público. Em causa está a formação de coágulos sanguíneos em 62 pessoas a nível mundial e em 44 na Europa. Só no espaço europeu morreram, pelo menos, 14 pessoas. Entretanto o regulador europeu indicou que há ligação entre a vacina da AstraZeneca e a formação de coágulos, mas que os benefícios superam os riscos.
O estudo da Deco concluiu que a confiança na vacina da AstraZeneca diminui para 63% dos portugueses, mas não foi o suficiente para decidirem não tomar o fármaco. Entre os inquiridos, apenas 5% têm a certeza que não vão tomar a vacina e 10% hesitam, a pender para o “não”. Pelo contrário, 59% dos portugueses que ainda não tomaram a primeira dose da vacina iria sem pensar duas vezes e 26%, apesar das dúvidas, provavelmente também iria.
Estes valores são mais baixos nos restantes países onde o inquérito foi realizado. Em Espanha apenas 52% tomaria a vacina sem hesitar, na Bélgica o número passa para 47% e em Itália desce para 45%.
O inquérito obteve respostas de alguns portugueses que já tomaram a primeira dose da vacina em causa e mais de metade dos que reportaram efeitos negativos (55%) está, ainda assim, disposto a tomar a segunda dose.
Grande parte do problema é que esta situação não afetou apenas a confiança neste fármaco específico. 41% dos inquiridos indicou ter menos confiança também nas outras vacinas (Moderna, Pfizer/BioNTech e Janssen, as outras três aprovados pela Agência Europeia do Medicamento), em grande parte, por receio dos efeitos secundários.
O estudo foi realizado entre 26 e 30 de março e obteve um total de 4.005 respostas válidas, 1.001 das quais em Portugal.
Portugueses apoiam certificado verde
Uma parte do inquérito prendia-se ainda com o Digital Green Certificate (certificado verde digital em português), proposta europeia para se poder circular com maior liberdade. Cerca de 70% dos portugueses apoiam esta medida e, novamente, são os mais confiantes entre os quatro países.
Mas este apoio não vem sem críticas. 62% dos portugueses consideram que há uma possível discriminação financeira entre aqueles que já receberam a vacina e aqueles que ainda estão à espera. Além disso, se este certificado fosse usado como acontece em Israel (onde é pedido à porta de diversos estabelecimentos, como restaurantes e ginásios), a camada jovem iria estar sempre em desvantagem face aos mais velhos que são os primeiros a serem vacinados.
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