Além da Alemanha, já quatro países compraram vacinas sem a ajuda da UE
Hungria, Áustria, República Checa, Eslováquia e agora a Alemanha. Países procuram acelerar a vacinação e compram vacinas que ainda não estão em circulação na UE. Madrid também fez contatos.
A escassez de vacinas na União Europeia (UE) está a deixar diversos governos europeus sem mãos a medir. Tudo é válido para vacinar a sua população – e mesmo que a Agência Europeia do Medicamento (EMA, em inglês) não tenha ainda aprovado o fármaco em questão, há quem compre. Foi o caso da Hungria, o primeiro a comprar vacinas à Rússia. Mas já Áustria e agora a Alemanha se juntaram a esta ideia de Viktor Órban, primeiro-ministro húngaro.
No início de fevereiro foi anunciado que a Hungria seria o primeiro país da UE a usar vacina russa, Sputnik V. O governo húngaro já aprovou também a vacina da Sinopharm (chinesa). Órban é dos maiores críticos do plano de vacinação europeu e responsabilizou reiteradamente a UE pela lentidão na distribuição dos medicamentos. Nenhuma destas vacinas foram aprovadas pela EMA, mas isso não impediu o regulador húngaro de o fazer.
Ainda em fevereiro, a Comunidade de Madrid começou a fazer contactos com os responsáveis pela vacina russa para manter em aberto todas as possibilidades de compra de vacinas, com o objetivo de aumentar a taxa de imunização. No entanto, fonte do governo regional de Isabel Díaz Ayuso assegurou ao jornal El Mundo que as reuniões nada mais foram do que contactos, pois é sabido que apenas o Ministério da Saúde pode autorizar a compra de qualquer vacina. Por enquanto, nada feito para Madrid ou Espanha.
Assim, o segundo país a começar a utilizar a vacina Sputnik V no seu plano de vacinação, depois da Hungria, foi a Eslováquia. Mais tarde foi a vez da República Checa, que recebeu as primeiras 20 mil doses desta vacina no final de março, segundo o jornal Lidové Noviny, publicação que pertence – através de um fundo fiduciário – ao primeiro-ministro checo.
No final do mês passado também a Áustria revelou que estava a negociar a compra de um milhão de doses da vacina russa para permitir a vacinação de 500 mil pessoas a partir de abril. Segundo indicou o gabinete do chanceler Sebastian Kurz à agência France-Presse, foi debatida a entrega de 300 mil doses em abril, de 500 mil em maio e mais 200.000 em junho.
Na quarta-feira a região alemã da Baviera anunciou que também iria encomendar a vacina russa. O contrato prevê a compra de 2,5 milhões de doses da vacina, mas ao contrário dos países referidos, só irão receber estas doses caso o regulador europeu aprove a vacina. Se tudo correr como planeado, o estado da Baviera receberá estas doses até junho.
E a Alemanha não demorou muito a ir atrás da decisão regional. O ministro da Saúde alemão, Jens Spahn, disse esta quinta-feira à rádio pública regional WDR, que vai iniciar discussões com a Rússia para uma possível compra da Sputnik V. “Expliquei, em nome da Alemanha, ao Conselho de ministros da Saúde da UE que iríamos discutir bilateralmente com a Rússia para saber, antes de mais nada, quando e que quantidades poderiam ser entregues”, afirmou.
Em Portugal, o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, coordenador do grupo de trabalho da vacinação, defendeu “a aquisição de todas as vacinas que sejam possíveis trazer ao processo português”, nomeadamente a russa, caso tenha a aprovação da EMA.
A vacina russa contra a Covid-19 começou a ser avaliada pela EMA em março. A decisão de arrancar com esta avaliação tem por base os resultados em estudos laboratoriais e clínicos, realizados em adultos. Estes “estudos indicam que a Sputnik V estimula a produção de anticorpos e células imunitárias que atacam o SARS-CoV-2 e podem proteger contra a Covid-19”, refere. Segundo os estudos, a vacina russa tem uma eficácia de 91,6%.
Porém, mesmo que a Sputnik V seja aprovada pelo regulador, não terá necessariamente o apoio da Comissão Europeia (CE) – até agora, tudo indica que não. Foi, aliás, esta a justificação dada pelo ministro da saúde alemão, que confirmou que a CE não negociaria em nome dos 27 a compra desta vacina.
(Notícia atualizada às 11h12 com informações sobre a Alemanha e Comunidade de Madrid)
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