É urgente o apoio à reabilitação e à sustentabilidade dos edifícios
Setor da Construção e Edifícios representam 39% de todas as emissões de carbono no mundo.
Se queremos reduzir o nosso impacto ambiental, precisamos todos (particulares e indústria) de reduzir o nosso consumo, a nossa produção, e viver em edifícios mais sustentáveis. Entre todas as atividades humanas que emitem GEE, a indústria da construção representa uma grande fatia. O maior crescimento das emissões de carbono provém da produção de eletricidade, dos transportes, da indústria e, acima de tudo, da operação da construção (Radhi, 2009). A utilização dos edifícios, em conjunto com o setor da construção, é responsável por 39% de todas as emissões de carbono no mundo (Global Status Report 2017), sendo a fase de utilização dos edifícios, responsável por 28% dessas emissões, relacionadas sobretudo com a energia consumida para aquecimento e arrefecimento (correspondendo a 40% se estivermos a falar apenas do contexto europeu).
Mais de 50% da população mundial vive em cidades, prevendo-se que aumente para 70% até 2050. Com o crescimento das cidades e o registo das temperaturas a subir drasticamente, nunca foi tão importante que o setor da construção e da utilização dos edifícios esteja na vanguarda da ação climática. Mas as emissões associadas aos edifícios não dizem só respeito à energia consumida durante a construção e utilização do edifício, há também de contabilizar as emissões incorporadas nos materiais utilizados e necessidades de manutenção ao longo do seu ciclo de vida. Sendo este setor responsável por uma grande parte das emissões poluentes, significa que existe um enorme potencial de redução.
Numa fase em que o Governo está a elaborar a estratégia nacional de combate à pobreza energética, e a forma de atingir a neutralidade carbónica nos edifícios até 2050, o Portal da Construção Sustentável (PCS) salienta a necessidade do Governo concentrar a sua ação na reabilitação sustentável de edifícios, não negligenciando as emissões de carbono incorporadas nos materiais de construção. Cabe, portanto, aos arquitetos e projetistas que compreendam e aconselhem, os impactos mais vastos deste setor – colocando estas questões acima dos interesses comerciais. Só assim, com informação adequada, transmitida pelos profissionais do setor, a mudança será possível.
Num inquérito divulgado recentemente pelo PCS foi visível o desconhecimento da população portuguesa quanto aos materiais que compõem as casas onde vivem. Quase metade respondeu que não sabia nem se interessava. Foi também revelado que na anterior candidatura a “Edifícios mais sustentáveis” 42%, desconheciam a sua existência e 25% queixaram-se de não ter encontrado ajuda. É assim urgente apelar a uma ação concertada para que todo o setor mude drasticamente a forma como os edifícios são concebidos, construídos, utilizados e desconstruídos. Abordagens como a maximização da utilização dos bens existentes, a promoção da reabilitação sustentável de edifícios (em vez de colmatar necessidades de climatização com equipamentos consumidores de energia), e a procura de novos modelos de negócios circulares que reduzam a dependência de matérias-primas com uma utilização intensiva de carbono, são cada vez mais urgentes.
Há que lembrar que a energia necessária para que um edifício funcione é, principalmente, para fins de aquecimento e arrefecimento. Este inquérito demonstrou que a maioria da energia consumida é proveniente da rede nacional (88%), sendo uma percentagem irrisória a que produz a sua própria energia. E são 55% os participantes no mesmo inquérito, que dizem necessitar de equipamentos para aquecer a sua casa, indicando que muitas vezes também associam o aumento de camadas de roupa por não poderem “gastar mais dinheiro” com a fatura energética (74%).
Não há soluções mágicas para reduzir o impacto ambiental do setor dos edifícios. Se quisermos mesmo atingir a neutralidade carbónica, precisamos de reduzir o consumo, a produção, e respeitar os recursos disponíveis no planeta. Existe assim uma clara oportunidade para que os profissionais do setor trabalhem em conjunto, aceitando um papel de liderança nesta necessidade de neutralidade carbónica dos edifícios. É também sua responsabilidade, o desenvolvimento mais sustentável do nosso planeta, para o bem de todos!
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