Máscara e distanciamento físico são para manter em Portugal. E lá fora?
Com a maior disponibilidade de vacinas e o consequente aumento do ritmo de vacinação, há já vários países a ponderarem um alívio das medidas, como a abolição do uso de máscara ao ar livre.
As vacinas contra a Covid-19 são vistas como a grande esperança para travar a disseminação do vírus e, consequentemente, reabrir os diversos setores da economia. E se no início da vacinação, a escassez de vacinas e os atrasos nas entregas dificultaram os processos de vacinação, a maior disponibilidade destes fármacos, nomeadamente na União Europeia (UE), é vista como “a luz ao fundo túnel” para a pandemia.
O objetivo de Bruxelas é claro: ter 70% da população europeia adulta vacinada, com pelo menos, uma dose do fármaco até meados de julho. Até esta quinta-feira, uma média de 11,4% da população europeia está totalmente imunizada (com as duas doses da vacina contra a Covid-19), enquanto 30,6% recebeu a primeira dose, o que representa mais de um quarto dos cidadãos europeus, segundo a plataforma de monitorização online do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC).
Com o aumento do ritmo de vacinação, o ECDC admite já uma alívio das medidas de contenção da Covid, como o distanciamento físico e o uso de máscaras. “À medida que a vacinação avança, é encorajador ter recomendações baseadas em evidências de que a imunização pode lentamente permitir o relaxamento de intervenções não farmacêuticas, como o uso de máscaras e distanciamento físico”, apontou Andrea Ammon, diretora do organismo, em finais de abril.
Contudo, em Portugal, o aviso é ainda para não baixar a guarda. “Tudo indica que estamos de facto a ser cuidadosos, como cidadãos (…) a questão de haver medidas cirúrgicas para determinadas zonas também é muito útil, porque impede a dispersão da doença, mas o estar a correr bem deve incentivar-nos ainda mais para continuarmos a fazer tudo para que continue a correr bem”, disse Graça Freitas, em declarações aos jornalistas na quarta-feira, realçando que “ainda não está na altura de levantar o pé e de começar uma vida totalmente normal”.
Também na semana passada, o primeiro-ministro havia avisado que há “99,999999% de probabilidade” de o uso de máscara na rua continuar a ser obrigatório “até atingirmos pelo menos o grau de imunização de grupo no final de verão”. Assim, se em Portugal a indicação é para não baixar a guarda e manter as medidas de contenção, noutros países já se admitem alguns alívios.
Esta semana, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, revelou que o Reino Unido pode abandonar as regras de distanciamento físico no final do mês de junho. O dia 21 de junho foi fixado como uma data para abandonar as medidas de distanciamento social, de pelo menos um metro, distância atualmente em vigor para travar a propagação do vírus. “Acho que temos uma boa chance, uma boa chance, de poder dispensar (a distância de) um metro ou mais”, afirmou Boris Johnson, citado pela Reuters, na terça feira.
Também o ministro da Saúde francês, Olivier Véran, prevê que deixe de ser obrigatório usar máscaras em espaços abertos, no país, no verão. Contudo, o ministro aponta que uma decisão definitiva só será tomada “quando um número suficiente de franceses tiver sido vacinado”, assinalando também que nessa altura serão também levantadas as regras e distanciamento físico. “Não relaxem demasiado rápido”, apelou Olivier Véran, esta terça-feira, citado pela Rádio Francesa Internacional (RFI).
Em Espanha, no início de abril, o Executivo propôs uma alteração à lei que regula a utilização de máscaras no país vizinho, depois de algumas críticas relativamente ao uso destes equipamentos de proteção individual nas praias. Assim, a obrigatoriedade de utilização nas praias durante o banho, durante a prática desportiva e em períodos de descanso num lugar fixo deverá ser levantada, desde que esteja garantida a distância mínima de 1,5 metros. A obrigatoriedade vai, porém, manter-se para os passeios à beira-mar e nos acessos à praia.
E se estes países estão já a ponderar o levantamento de algumas das medidas de contenção da Covid, há países que ponderam aliviar as regras para quem já tenha completado o processo de vacinação. É o caso da Alemanha, que está na iminência de se tornar no primeiro país da UE a levantar restrições a quem tiver a vacinação contra a Covid-19 completa. “Se o risco de transmissão do vírus é muito reduzido em pessoas totalmente vacinadas e recuperadas, isso deve ser levado em consideração nas medidas”, sinalizou a ministra da Justiça, Christine Lambrecht, citada pela Reuters.
Segundo a agência de notícias, os alemães que tenham completado o processo de vacinação, isto é, com duas doses da vacina caso o esquema vacinal seja de dose dupla, ou uma dose no caso da Janssen, poderão vir a estar isentos do toque de recolher obrigatório e poderão vir a encontrar-se com particulares sem quaisquer restrições. Além disso, poderão ainda entrar em lojas, cabeleireiros, jardins zoológicos ou jardins botânicos sem ter de apresentar um teste negativo. Contudo, as medidas relacionadas com o distanciamento social e o uso de máscara são para manter.
Também do outro lado do Atlântico, mais especificamente nos Estados Unidos da América (EUA), a vacinação é encarada como a “tábua de salvação” para combater a pandemia e retomar velhos hábitos. As novas diretrizes do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) indicam que os norte-americanos completamente vacinados contra a covid-19 não precisam de usar máscara ao ar livre, exceto quando estão com grandes aglomerados de pessoas. Porém, a utilização deste equipamento de proteção individual continua a ser recomendado “durante atividades e em locais movimentados, como estádios lotados ou concertos”, afirmou Rochelle Walensky, diretora da agência federal de saúde pública dos EUA, a 27 de abril.
Na sequência deste anúncio, o presidente dos EUA veio destacar que o “progresso extraordinário” do país no combate à pandemia nos últimos meses, contudo, advertiu para o “longo caminho” que ainda falta percorrer. ” Na sequência do progresso extraordinário que fizemos na luta contra Covid-19, o CDC fez um grande anúncio hoje [terça-feira, 27 de abril]: Se estiver totalmente vacinado – e se estiver ao ar livre e não juntamente com uma grande multidão – não precisa mais de usar máscara”, refere Joe Biden, no Twitter.
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Após terem sido um dos países mais fustigados pela pandemia, os EUA têm investido fortemente na vacinação contra o coronavírus, tendo já, inoculado 148.6 milhões de cidadãos até esta quarta-feira, com, pelo menos, uma dose da vacina, de acordo com os dados do CDC e citados pelo The New York Times. Numa altura, em que aumenta a percentagem de norte-americanos que recusam vacinar-se cerveja, marijuana e dónutes grátis e até um todo-o-terreno são alguns dos incentivos à vacinação contra o SARS-CoV-2 que se podem encontrar em várias cidades dos EUA.
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