Comunidades de energia podem reduzir fatura da luz até 30%
Em Portugal, a Cleanwatts implementou já comunidades de energia que contam com mais de 120 participantes e diversos edifícios públicos em três municípios portugueses. Quer angariar mais participantes.
A Cleanwatts, empresa de soluções tecnológicas de energia, lançou recentemente uma campanha de pré-registo em comunidades energéticas em Portugal. O objetivo, garante, é conseguir fazer chegar energia limpa — e mais barata — a um maior número de pessoas já a partir do mês de junho.
“A União Europeia introduziu um novo enquadramento jurídico que permite a venda de energia limpa diretamente aos consumidores através das Comunidades de Energia Renovável (CER) e das Comunidades de Cidadãos para a Energia (CCE). As CER e as CCE podem incluir qualquer número de participantes e beneficiários, incluindo empresas comerciais, edifícios públicos e residências privadas”, explicou ao ECO/Capital Verde José Almeida, Chief Marketing Officer (CMO) da Cleanwatts.
Os participantes podem estar geograficamente perto uns dos outros ou dispersos, dependendo da natureza da comunidade e dos subsídios disponíveis. No entanto, refere o responsável da empresa, a vantagem deste modelo de comunidades de energia é que os participantes podem ter acesso e comprar energia renovável sem a necessidade de fazerem quaisquer investimentos de capital com a instalação de infraestruturas e tecnologias associadas à produção e à gestão dessa mesma energia, garante José Almeida.
Desconto entre 10% a 30% com a energia limpa
“Os benefícios de uma comunidade de energia serão tanto maiores quanto maior for o número de participantes. O nosso compromisso é assegurar sempre aos participantes das comunidades que a sua energia é a opção mais barata no mercado. Acreditamos que, em média, será possível atingir descontos entre 10% e 30% e, em alguns casos, ainda mais”, afirma o CMO da Cleanwatts.
Apesar de, num passado não muito distante, a energia limpa ser sinónimo de preços mais caros do que a proveniente de fontes fósseis, José Almeida realça que hoje já não é assim mas a manutenção dessa crença cria “um conflito entre o acesso à energia elétrica e a utilização de recursos renováveis”.
Daí que as comunidades de energia possam ser uma solução para todos e não só para os que tenham capacidade de investimento. “Na verdade, as comunidades de energia e o facto de poderem fornecer energia limpa mais barata são também um instrumento importante na luta contra a pobreza energética, que afeta mais de 1,2 mil milhões de pessoas no planeta, incluindo Europa (120 milhões) e EUA (90 milhões), e que, em Portugal, atinge cerca de 2 milhões de pessoas, de acordo com alguns estudos”, refere.
Por essa razão, todos os que fizerem o pré-registo até 31 de maio e que sejam pioneiros das comunidades de energia em Portugal vão ter acesso a benefícios extra. “Queremos premiar os pioneiros que vão permitir criar massa crítica para constituir comunidades de energia. Nesse sentido, dependendo das características da comunidade de energia a que pertençam, os pioneiros poderão ter um benefício adicional até 10% de desconto sobre o preço médio da respetiva comunidade”, revela o Chief Marketing Officer da Cleanwatts.
Em Portugal, a empresa implementou já comunidades de energia que contam com mais de 120 participantes e diversos edifícios públicos em três municípios portugueses. “Todos os membros destas comunidades de energia obtiveram benefícios sociais, ambientais e económicos. Os consumidores pagaram um preço mais baixo pela eletricidade limpa adquirida a outros participantes da comunidade comparativamente com o preço que pagariam adquirindo diretamente à rede”, refere a empresa.
Comunidades de energia mais rentáveis para investidores do que auto consumo?
O objetivo da Cleanwatts é otimizar a produção e o consumo de energia e, sobretudo, a comercialização de energia limpa dentro das comunidades de energia. “Relativamente aos produtores, isso permite uma alternativa ao atual modelo de auto consumo, que limita a penetração de energias renováveis na medida em que os sistemas são apenas dimensionados para o consumo das instalações, deixando por aproveitar espaço nos telhados e outros espaços que podem ser ocupados por painéis solares para produzir energia limpa e mais barata para as comunidades em torno dessas instalações”, explica José Almeida.
Neste momento, a Cleanwatts tem já implementadas sete comunidades de energia (Portugal, Reino Unido e Brasil) e encontra-se a desenvolver o projeto social Cem Aldeias, em colaboração com a About the Energy, BEWG.PT e JEUNE.
O responsável da empresa explica em que consiste a iniciativa: “Cem Aldeias é um projeto de inovação social, que envolve comunidades de energia renovável e será desenvolvido em Portugal com foco no combate à pobreza energética através da promoção de boas práticas de consumo e conforto térmico em casa e da instalação de pequenas centrais fotovoltaicas. O objetivo é impactar a vida de pelo menos 20 mil pessoas que habitam em 100 aldeias portuguesas”.
“Revolução” da energia limpa e o futuro sustentável
De acordo com um relatório recente da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA), a eficiência energética e a energia renovável, juntamente com a eletrificação, podem fornecer até 90% das reduções de emissões relacionadas com a energia previstas no Acordo de Paris. Nesse sentido, José Almeida afirma que “a Cleanwatts está comprometida com essa visão e acredita firmemente que, para lidar com a descarbonização de energia na escala e rapidez necessárias, as comunidades locais devem ser envolvidas na solução e capacitadas para agir”.
Muitas pessoas desconhecem o potencial de poupança através de soluções de eficiência energética inteligente, bem como a possibilidade de obter rendimentos através da participação em soluções de energia limpa local e é por causa desta “desinformação” que é necessária uma “revolução”.
“O combate a estes problemas exige uma mudança clara de paradigma, no qual a tecnologia esteja ao serviço das pessoas e das comunidades, no sentido de assegurar o acesso a energia limpa e a preços acessíveis. Não se trata de uma revolução contra ninguém, mas uma revolução que tem de envolver todos”, clarifica.
“As novas soluções de energia distribuída conectada ao consumidor final tais como painéis solares, baterias para armazenamento de energia, veículos elétricos com carregadores rápidos, entre outras, estão a descentralizar o sistema de energia. Há estudos que estimam que em 2050, quatro em cada cinco famílias serão verdadeiros “cidadãos de energia”, produzindo energia renovável através da instalação de painéis solares nos seus telhados, e contribuindo para a flexibilidade do sistema com os seus veículos elétricos, caldeiras inteligentes ou baterias”, conta o CMO.
No entanto, José Almeida considera que essa não é uma realidade muito distante e dá exemplos onde as comunidades de energia já estão a funcionar: “Nos EUA, espera-se que as comunidades de energia representem cerca de 3,7GW em 2025. Na Europa, já existem mais de 3700 comunidades de energia e, em 2050, é esperado que cerca de 45% da energia renovável esteja integrada em comunidades”.
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