Reino Unido: festivais de música agonizam por falta de seguros. Deputados culpam Boris Johnson
Parlamentares britânicos criticam inação do Governo quando faltam poucas semanas para arrancar época de festivais de música. Face a cenário de cancelamentos exigem uma solução de seguro.
Uma comissão da Câmara dos Comuns (do Parlamento britânico) acusa o governo de Boris Johnson de não contribuir atempadamente para a criação de um esquema de seguros que permitisse à indústria dos festivais de música – que são muitos no Reino Unido – suportar o risco de mais um ano perdido devido às restrições da pandemia de Covid-19.
Os deputados da comissão parlamentar de Cultura, Media e Desportos exigem resposta urgente ao Governo do Reino Unido, antes de 21 de junho, para a criação de uma solução de seguros pontual, que permita cobrir as perdas de promotores e organizadores dos festivais de música, uma vez que os eventos programados arriscam novo ano de cancelamentos caso sejam mantidas as restrições relacionados com a Covid-19 para além dessa data. “Ainda há tempo ter a música a tocar, e não há lugar para desculpas,” adverte Julian Knight, deputado conservador que preside à comissão parlamentar que assina o apelo ao executivo liderado por Boris Johnson.
Num comunicado da comissão multipartidária, publicado na página eletrónica do Parlamento britânico, os deputados da DCMS (Comissão para o Digital, Cultura, Media e Desportos) exigem urgência na solução, que pode já ser “tardia para muitos eventos”, mas que pode ainda resgatar o futuro do setor, impedir o encerramento de muitas pequenas empresas ligadas aos eventos e evitar a perda de empregos especializados que terão de ser absorvidos por outros setores da economia, sustentam.
“Ficou bastante claro para nós que a grande maioria dos festivais de música não tem capacidade financeira para cobrir os custos de mais um ano de cancelamentos em resultado de avisos tardios” do Governo. “Se o mercado de seguros comerciais não intervier, os ministros devem fazê-lo urgentemente: os organizadores dos eventos precisam de saber agora se o governo os apoiará, ou se simplesmente não os realizam este ano,” afirma Knight citado no comunicado dos parlamentares britânicos.
Os deputados da comissão expressam preocupação com as condicionantes que ameaçam este ano a realização dos eventos musicais, nomeadamente a propagação das novas variantes de Covid-19 no país e a forma passiva como governo está a gerir o plano que prometeu executar para ajudar um setor, que o documento refere estar a ser tratado como “o parente pobre” do nº10 da Downing Street (residência oficial do PM).
Em 2019, realizaram-se cerca de 1000 festivais de música no Reino Unido, contribuindo com VAB de 1,76 mil milhões de libras esterlinas (cerca de 2.000 milhões de euros) para a economia do país, assegurando mais de 80 mil empregos e o que significaram em valor cultural e social para mais de 5,2 milhões de espetadores. No ano seguinte, a pandemia de Covid-19 obrigou a cancelamento generalizado desses eventos, ameaçando o futuro dos festivais, dos fornecedores e de profissionais free lancers, deixando também fãs e adeptos afastados dos momentos de “socialização e da atmosfera” referidos como os motivos mais fortes que os levam a frequentar 2 a cinco festivais de música por ano, segundo inquérito concluído em fevereiro junto de aproximadamente 36 500 britânicos.
Enquanto decorre o debate e o esforço que o Governo acompanha desde novembro de 2020 para se saber o que acontecerá este ano com a época de festivais de música (normalmente realizados durante o verão), a situação de fragilidade financeira do setor agravou-se com a dificuldade de acesso que essas empresas tiveram aos recursos do CRF (Culture Recovery Fund), um programa financeiro lançado para apoio aos setores da cultura, e também porque não foram chamadas a integrar os eventos piloto.
O relatório sobre o Futuro dos Festivais de Música no Reino Unido compila vários meses de trabalho, incluindo um inquérito a espetadores, contribuições recolhidas junto de agentes do setor, músicos, promotores de espetáculos e entidades da administração local. A documentação também retrata a fragilidade financeira que assola o setor e outros riscos associados aos eventos musicais.
Todo o esforço para resolver o problema “será desperdiçado” se o Governo não der resposta antes de 21 de junho, alertam os deputados.
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