Marcelo acha “muito estranho” que Espanha exija teste negativo na fronteira terrestre
"Tendo vindo de Espanha há dois dias, acho que não é estranho, é muito estranho que isso tenha ocorrido sem uma palavra ao Governo português", disse Marcelo Rebelo de Sousa.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse esta segunda-feira achar “muito estranho” que Espanha passe a exigir um teste negativo à Covid-19 a quem viajar de Portugal por via terrestre sem ter informado o Governo português.
“Naturalmente, tendo vindo de Espanha há dois dias, acho que não é estranho, é muito estranho que isso tenha ocorrido sem uma palavra ao Governo português”, afirmou, reforçando: “Eu acompanho o Governo, obviamente, naquilo que é a estranheza por, de repente, haver um dos países que adota uma posição unilateral”.
Marcelo Rebelo de Sousa falava à chegada à Madeira, onde ficará até quinta-feira, 10 de Junho, com um programa intenso, para comemorar o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
O chefe de Estado recordou que houve sempre a preocupação de ajustar entre os dois países as medidas adotadas em relação à Covid-19. “Por isso é que, e bem, o Governo entende que é estranho”, afirmou.
Espanha passou a exigir, desde segunda-feira, a quem viajar de Portugal por via terrestre um teste negativo à Covid-19, certificado de vacinação ou de recuperação da doença, segundo o Consulado Geral de Espanha em Portugal.
Esta medida já se aplica a quem viajava de Portugal para Espanha pelas vias marítimas ou aéreas, sendo a partir de segunda-feira obrigatório para quem cruzar a fronteira terrestre.
Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou o facto de o Governo da República ter já indicado que vai estudar a posição espanhola e avaliar a eventual adoção de uma “posição de reciprocidade”, mas considera que decisão de Espanha não está relacionada com a forma como Portugal lida com a pandemia. “Não tem nada a ver com Portugal estar a errar na mensagem ou nas medidas”, disse, alertando também que a decisão do Reino Unido de retirar o país da “lista verde” de viagens internacionais não é justificável com a identificação de casos da “variante indiana”.
“Já há um mês, no Reino Unido, o peso da variante indiana era muitíssimo elevado. Não houve uma variação repentina em quinze dias ou três semanas ou um mês”, explicou. O Presidente da República realçou que o objetivo de Portugal é “criar entendimentos” no quadro europeu face aos efeitos económicos e sociais da crise pandémica. “O nosso objetivo não é criar diferendos com Estados, é criar entendimentos com Estados e, por isso, tentamos encontrar o máximo de acordo possível”, declarou, reforçando: “Espero que seja possível com Espanha haver esse acordo e espero que seja possível em relação ao Reino Unido ultrapassar esta circunstância.”
E acrescentou: “Eu compreendo, nesse sentido, cada um pensa no seu interesse imediato, mas há laços de amizade, há laços de relacionamento, há toda uma tradição. E a Região Autónoma da Madeira é um exemplo disso em relação ao turismo em geral e ao turismo britânico em particular, como há, em termos nacionais, o relacionamento com o país vizinho, que é Espanha.”
Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou que a Madeira é “um destino que vale por si” e, como tal, vai ultrapassar a crise no setor do turismo, vincando que o chefe do Governo Regional, o social-democrata Miguel Albuquerque, tomou uma “boa iniciativa” ao convidar esta segunda-feira, por carta, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson a passar a lua-de-mel na região.
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