“Não é normal que seja a concorrência” a pagar injeções do Novo Banco, diz Ulrich
Chairman do BPI queria ter visto um maior esforço dos credores a pagar BES e capitalizar o Novo Banco, poupando assim Fundo de Resolução. Ulrich deixou elogios a Centeno e Máximo dos Santos.
Fernando Ulrich, que alertou o Banco de Portugal para os problemas do Grupo Espírito Santo antes da resolução do BES, disse no Parlamento que “não é normal que seja a concorrência” a ter de capitalizar o Novo Banco, considerando que deveria ter havido uma maior participação dos credores do banco neste processo, poupando-se o Fundo de Resolução.
A medida de resolução de 2014 “foi aplicada muito parcialmente aos credores do BES, que até hoje contribuíram com 2,5 mil milhões de euros”, enquanto o “Fundo de Resolução acabará por contribuir com 8,8 mil milhões”, declarou o chairman do BPI na sua intervenção inicial a comissão de inquérito ao Novo Banco.
“À data de hoje parece que situação é muito injusta”, acrescentou o banqueiro junto dos deputados, defendendo que deveria ter havido um “maior envolvimento dos credores na retransmissão de obrigações no final de 2015”, pois isso “minimizaria o esforço do Fundo de Resolução”.
“É o procedimento normal, quando uma empresa vai à falência os credores perdem. Não é normal que sejam os concorrentes a pagarem”, atirou.
O Fundo de Resolução injetou 4,9 mil milhões de euros no Novo Banco logo em 2014, e já fez transferências de mais de três mil milhões ao abrigo do mecanismo de capital contingente criado em 2017, com a venda do banco ao fundo Lone Star. O Fundo de Resolução obtém receitas através de contribuições regulares da banca, incluindo do BPI.
Apesar das críticas, Fernando Ulrich considerou que o caso “BES/Novo Banco é um problema bem resolvido, atentas as circunstâncias que se teve de lidar”.
E deixou elogios aos vários intervenientes neste processo, nomeadamente Mário Centeno e Máximo dos Santos. “São pessoas que me inspiram maior credibilidade. (…) Merecem maior consideração. Não tenho dúvidas que fizeram um bom trabalho e salvaguardaram o interesse nacional. Mas não tenho base de avaliação a não ser a confiança que tenho nessas pessoas”, afirmou.
Logo no início da sua declaração inicial, Ulrich recusou que tenha existido uma crise sistémica que tenha abalado a banca em 2014 e trazido problemas para o BES, pelo que “as perdas dos acionistas do BES e a injeção de 4,9 mil milhões no Novo Banco só podem ser explicadas pela gestão do BES até agosto de 2014”.
Fernando Ulricj revelou ainda que olhou para o processo de compra do Novo Banco, mas admitiu que o BPI “mais exigente” do fundo americano naquilo que eram as condições para avançar com uma proposta de compra. “Não teríamos comprado [o Novo Banco] naquelas condições” em que a instituição foi adquirida pelo Lone Star, indicou Fernando Ulrich.
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