Expectativas turísticas para verão arrefecem com decisão do Governo britânico
A confederação do turismo aponta que a saída de Portugal da "lista verde" do Reino Unido "veio alterar todas as perspetivas", já a AHP diz que as reservas estão "a cair a pique".
A confederação do turismo e a Associação da Hotelaria de Portugal reviram as expectativas de crescimento turístico com a saída de Portugal da “lista verde” de viagens para o Reino Unido, acreditando, no entanto, num verão melhor que em 2020.
“Nesta fase, é difícil fazer previsões. Estávamos com alguma expectativa positiva, mas a decisão do Governo britânico de retirar Portugal da “lista verde” veio alterar todas as perspetivas que tínhamos para o verão”, afirma o presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), Francisco Calheiros, em respostas escritas à Lusa.
A decisão britânica de excluir Portugal da “lista verde” de viagens foi tomada em 3 de junho e suscitou, desde logo, críticas do setor turístico, que se preparava para um aumento das reservas e da procura de turistas provenientes do Reino Unido, isto depois de, em 17 de maio, o Governo britânico ter tomado a decisão contrária, abrindo as viagens com destino a Portugal.
Agora, “a recuperação que se iniciou nas últimas semanas com a chegada dos turistas ingleses, o nosso principal mercado, foi abruptamente interrompida durante, pelo menos, três semanas. O impacto nas reservas, sobretudo no Algarve, será gigantesco, numa fase em que as empresas se preparavam para um aumento da procura turística com reforço da oferta e de recursos humanos”, explica Francisco Calheiros.
Ainda assim, o responsável, que não revela valores, refere acreditar que Portugal “irá ter um verão melhor do que 2020”, mas com os números a ficarem “ainda muito longe dos de 2019”.
Com uma visão diferente, após a decisão britânica, ficou também a Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), como explicou a vice-presidente executiva, Cristina Siza Vieira, à Lusa, sem também apontar números.
“O mês de maio correu razoavelmente bem em termos de taxa de ocupação, em algumas regiões do país, aliás acima das expectativas, dada a incerteza em que estivemos, exceção de Lisboa, Porto e Alentejo. No Algarve registou-se uma afluência bastante significativa durante o mês de maio, sobretudo de turistas britânicos, devido à abertura do Reino Unido relativamente a Portugal (recordo que estávamos na “lista verde” de destinos, com o que tal significava de facilitação das viagens). Ora, com a recente decisão do Governo britânico a situação veio alterar-se profundamente, com os cancelamentos a registarem-se desde o primeiro momento e o ritmo de reservas a cair a pique”, afirma a responsável.
Ora, assim, a responsável da AHP diz que “antes desta decisão, obviamente”, estavam “mais confiantes no verão”.
“É certo que há outros mercados e a aprovação pelo Parlamento Europeu do Passaporte Covid-19 abre melhores perspetivas, quer para os turistas provenientes da UE, quer de Schengen. Esperamos, também, que Portugal aproveite já para dar idênticas condições a países terceiros, designadamente aos EUA, fundamental para nós”, acrescenta Cristina Siza Vieira, lembrando ainda que o setor volta a contar com os turistas internos.
“Para já, contamos com o mercado nacional, que já em 2020 foi o suporte do verão, e com a abertura dos mercados europeus. Sem qualquer dúvida, vontade de viajar e pesquisa por Portugal existe, mas têm de estar reunidas todas as condições para que os turistas possam viajar sem restrições de quarentena e com definição dos critérios e testagem”, concluiu.
Dias depois do anúncio do Governo britânico, em 6 de junho, o presidente do Turismo do Algarve, disse à Lusa que a saída de Portugal da “lista verde” de viagens para o Reino Unido causou um “pico” de cerca de 10.000 saídas do aeroporto de Faro no sábado, dia 5.
“Ontem [sábado] houve uma concentração de cerca de 10.000 passageiros britânicos para sair, mas é interessante também perceber que, no mesmo período, chegaram 2.500. Portanto, apesar das regras britânicas, ainda há britânicos a chegar ao Algarve”, afirmou João Fernandes à agência Lusa.
João Fernandes explicou que os passageiros, “muitos deles britânicos”, se viram obrigados a “antecipar o regresso para chegar ao país antes de terça-feira [dia 08]” e escapar assim à obrigatoriedade de realizar uma quarentena de 10 dias e dois testes à Covid-19 nesse período devido à medida imposta pelo Governo britânico a todos os passageiros que cheguem ao Reino Unido provenientes de Portugal.
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