Preços altos no mercado ibérico podem catapultar PPA
A aposta em PPA pode ser interessante, tanto para as empresas produtoras de eletricidade verde, como para as empresas que adquirirem essa mesma eletricidade a preços competitivos.
O mercado dos contratos bilaterais de longo prazo de compra e venda de eletricidade – designados de PPA (Power Purchase Agreement) ainda não ganhou tração representativa na Península Ibérica. Isto apesar de estarem reunidas atualmente condições especialmente favoráveis à disseminação deste modelo contratual entre um produtor de eletricidade renovável e um consumidor empresarial/corporativo.
Senão vejamos: no mercado grossista ibérico de eletricidade os preços estão a atingir máximos históricos este ano. Em junho atingimos preços médios de 94,63 euros por megawatt-hora (MWh). Está provado que as renováveis ajudam a manter baixos os preços da eletricidade porque a componente variável dos custos de produção de eletricidade a partir de fontes renováveis é mínima, mas não consegue ainda dar resposta a toda a procura. O aumento dos preços do gás natural e das licenças de emissão de carbono associadas às emissões de CO2, que ultrapassa os 50 euros por tonelada, também ajudam a explicar o aumento dos preços da eletricidade no mercado spot.
Acontece, porém, que as projeções de médio prazo apontam no sentido da descida de preços à medida que as renováveis aumentam a sua incorporação no mercado da eletricidade. É justamente por isso que a aposta em PPA pode ser interessante, tanto para as empresas produtoras de eletricidade verde, que desta forma asseguram a execução dos projetos e mantêm um certo grau de previsibilidade das rentabilidades mínimas para recuperarem os capitais próprios e alheios investidos, como para as empresas que adquirirem essa mesma eletricidade a preços competitivos, face aos valores do mercado grossista, antecipando a tendência de descida dos preços que a incorporação renovável crescente trará inevitavelmente. Esta é uma verdadeira aposta win-win com ganhos para todos os envolvidos.
Nos próximos anos os preços médios poderão rondar os 66 euros por MWh, segundo os analistas, valor que poderá descer para 33 euros por MWh em 2028. De resto, já estão a ser registados valores abaixo dos 40 MWh euros em PPA. O potencial é imenso e em países como o México esta tendência está a ser percebida.
Os riscos associados a estes modelos podem ser reduzidos mediante diferentes coberturas e cláusulas personalizadas caso a caso. Os grandes consumidores podem olhar para a tecnologia solar fotovoltaica, por exemplo, como forma de autoconsumo comercializando o excedente num âmbito de um PPA. As possibilidades são múltiplas.
A dimensão ESG (Environmental, Social and Governance), cada vez mais reconhecida na avaliação das empresas por parte dos clientes e investidores, poderá impulsionar este mercado, nomeadamente junto de empresas que valorizam a importância de dar prioridade à energia verde.
2021 poderia, por todas estas razões, ser o ano dos PPA num mercado de compra e venda de eletricidade que se quer cada vez mais liberalizado potenciando a assinatura de acordos entre dois agentes de mercado com vantagens para as duas partes. Seria certamente uma forma de acelerar o desígnio português e europeu da neutralidade carbónica que contempla também nesta equação o peso do investimento e da iniciativa privada
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