Maioria dos brasileiros defende abertura de processo de destituição de Bolsonaro

  • Lusa
  • 11 Julho 2021

No entanto, a hipótese de tal acontecer é, segundo vários especialistas, pouco provável, visto que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, é um aliado de Bolsonaro.

A maioria dos brasileiros é favorável à abertura de um processo de destituição do Presidente do país, Jair Bolsonaro, algo que acontece pela primeira vez desde o início do seu mandato, segundo uma sondagem divulgada este sábado.

A sondagem do Instituto Datafolha, cujas duas primeiras partes foram divulgadas na quinta e na sexta-feira, citada pela Agência France Presse, mostra que 54% dos inquiridos defendem que o presidente da Câmara dos Deputados dê seguimento a um dos mais de 120 pedidos de destituição apresentados até hoje.

No entanto, a hipótese de tal acontecer é, segundo vários especialistas, pouco provável, visto que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, é um aliado de Bolsonaro.

Numa sondagem anterior do Datafolha, feita em maio deste ano, 49% dos inquiridos era a favor da destituição do Presidente. Os dados hoje divulgados demonstram que a percentagem de pessoas que defendem a destituição do Presidente do Brasil é mais elevada entre as mulheres (59%), os jovens (59%), os pobres (60%), os negros (65%) e os homossexuais ou bissexuais (77%).

Jair Bolsonaro é fortemente criticado pela gestão que tem feito da pandemia da covid-19, que já provocou mais de 530 mil mortes no Brasil, o segundo país com mais mortes registadas no mundo, depois dos Estados Unidos. A pressão sobre o Governo brasileiro acentuou-se nas últimas semanas, com suspeitas de corrupção na compra de vacinas contra a covid-19.

A primeira parte da sondagem do Instituto Datafolha, divulgada na quinta-feira, demonstra que a rejeição a Jair Bolsonaro, voltou a aumentar e atingiu 51%, o maior índice desde que assumiu o poder, em 2019. No levantamento anterior, feito em maio passado, Bolsonaro era rejeitado por 45% dos inquiridos, que avaliaram o seu Governo como “ruim ou péssimo”.

Já a avaliação positiva (ótimo/bom) do chefe de Estado, que havia atingido seu pior nível em março, com 24%, manteve-se estável, no mesmo patamar (24%). Os que o consideram a gestão de Jair Bolsonaro “regular” diminuíram dos 30% em maio, para 24% na sondagem agora divulgada.

De acordo com a Folha de S.Paulo, Bolsonaro, líder da extrema-direita brasileira, continua a ser o Presidente com a segunda pior avaliação após dois anos e meio de um primeiro mandato, desde 1989, ano em que regressaram ao Brasil os plenos diretos para chefe de Estado.

Bolsonaro só perde para Fernando Collor, que em meados de 1992 já enfrentava a sombra de um pedido de destituição, que o levou à renúncia do cargo no fim daquele ano. Na ocasião, Collor alcançou 68% de mau/péssimo, 21% de regular e apenas 9% de ótimo/bom.

A segunda parte da sondagem, divulgada na sexta-feira, mostra que o ex-presidente brasileiro Luis Inácio Lula da Silva lidera as intenções de voto na primeira volta das presidenciais de 2022 com 46% dos votos face a Jair Bolsonaro (25%). Segundo o DataFolha, Lula da Silva também venceria Bolsonaro na segunda volta das presidenciais, com a preferência de 58% dos eleitores enquanto Bolsonaro teria 31% das intenções de voto.

A pesquisa ouviu 2.074 pessoas, nos dias 07 e 08 de julho, em 146 cidades brasileiras. Foram entrevistadas pessoas com mais de 16 anos. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%.

Esta semana, Jair Bolsonaro ameaçou com a não realização do sufrágio presidencial em 2022, caso não seja adotado o voto impresso no Brasil.

O voto impresso já foi julgado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF). No entanto, tramita na Câmara dos Deputados uma proposta de emenda à Constituição, defendida por Bolsonaro, que prevê esse tipo de voto, em substituição do sistema eletrónico, que oferece resposta no mesmo dia e que é usado há mais de 20 anos no Brasil.

Entretanto, o líder do Congresso brasileiro, Rodrigo Pacheco, afirmou que a realização das eleições em 2022 é “inegociável” e que “não decorre da vontade” das autoridades políticas.

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