Governo quer Lufthansa na TAP. Interesse pode ajudar a desbloquear plano de reestruturação

O Governo quer que a companhia alemã entre para o capital da TAP. Além das sinergias, a manifestação deste interesse pode ajudar a desbloquear o plano de reestruturação em Bruxelas.

A Comissão Europeia voltou a aprovar esta sexta-feira a ajuda de emergência de 1,2 mil milhões de euros à TAP, mas resolveu enviar para “investigação aprofundada” a aprovação do plano de reestruturação.

Esta nova fase de investigação, segundo apurou o ECO, vai demorar pelo menos mais três meses e durante este período o Governo vai ter de negociar com a Comissão Europeia no sentido de convencer Bruxelas da bondade do plano de restruturação.

Um dos trunfos que o Governo tem na manga é a entrada de um privado no capital da TAP e o ECO sabe que o Governo já fez contactos com a Lufthansa para que a companhia de bandeira alemã possa entrar na TAP, com uma posição minoritária. Esta operação seria vista com bons olhos pela Comissão Europeia e ajudaria a desbloquear a aprovação do plano de restruturação.

Aparentemente o interesse é recíproco, tendo a Lufthansa também já dados sinais ao Governo de querer avançar para a TAP. Esta não é a primeira vez que a empresa alemã manifesta o interesse no capital da TAP e chegou a estar em negociações avançadas com David Neeleman para ficar com uma participação na companhia aérea de bandeira portuguesa. Em fevereiro de 2020, Neeleman e os alemães estavam prestes assinar um acordo quando chegou a pandemia e fez abortar o negócio.

Agora o Governo volta a sinalizar à Comissão Europeia e à própria Lufthansa que tem interesse neste negócio que, além de poder ajudar a facilitar a aprovação do plano de reestruturação da TAP, também faz sentido do ponto de vista estratégico e operacional. As operações das duas companhias aéreas são, em determinadas rotas, complementares.

Apesar de a Lufthansa ser uma das maiores empresas do mundo, tem uma “falha” de cobertura no Atlântico Sul e na África Ocidental, rotas onde a TAP é fortíssima. Exemplo disso é a presença da TAP no mercado brasileiro.

Lufthansa terá de se libertar da ajuda pública primeiro

Mas para que a vontade do Governo e da Lufthansa se concretizem, ainda é preciso ultrapassar uma barreira. É que a Lufthansa também recebeu ajudas públicas e, enquanto não devolver esse dinheiro, está impedida, pelas regras comunitárias, de adquirir uma posição no capital de uma outra empresa.

Mas a informação que existe no mercado é que a companhia alemã poderá conseguir devolver o auxílio estatal até ao final de setembro (provavelmente financiando-se através de uma emissão de obrigações), e nessa altura ficará livre para, se o negócio avançar, entrar no capital da TAP.

A possibilidade de a TAP negociar com outros investidores não está colocada de parte. Mas o Governo coloca como condição que seja sempre um parceiro que perceba do negócio da aviação e que seja uma companhia com uma operação complementar à da TAP.

(Notícia atualizada pela última vez às 11h57)

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