BE diz que situação judicial e governamental do país “deve preocupar”
“Há uma execução orçamental, mas também escolhas orçamentais que não estão à altura do momento que o país vive”, diz o líder da bancada bloquista, Pedro Filipe Soares.
O BE defendeu hoje que o estado da nação “deve preocupar”, por causa dos processos judiciais associados ao sistema financeiro e das opções do Governo durante a pandemia, que “não estão à altura” do momento que o país atravessa.
“O balanço do estado da nação, quer no sistema financeiro, quer da realidade concreta da vida das pessoas, é um estado da nação que nos deve preocupar e exigir mais para responder a estas urgências que o país apresenta”, disse à agência Lusa o líder da bancada bloquista, Pedro Filipe Soares, no âmbito do debate sobre o Estado da Nação.
O deputado sustentou que “os corolários destas detenções do sistema financeiro” expõem um “retrato de uma elite que viveu às custas do Estado, dos favores públicos e debaixo da alçada do sistema financeiro”.
O parlamentar referia-se, por exemplo, às detenções do empresário José Berardo – investigado por um processo que terá lesado a Caixa Geral de Depósitos, Novo Banco e BCP em 439 milhões de euros – ou de Luís Filipe Vieira – processo que envolve negócios e financiamentos superiores a 100 milhões de euros, com prejuízos para o Estado, SAD do Benfica e Novo Banco.
Sobre esta matéria, Pedro Filipe Soares sublinhou que “o BE tinha razão quando exigia” uma legislação “mais exigente”, maior regulação e uma “maior separação” entre os interesses públicos e privados.
“As pessoas reconhecem, o país percebe, com tantos sacrifícios foram pedidos, para que uma elite desgovernasse o país e vivesse às custas desses sacrifícios gerais”, sustentou.
A pandemia, tópico indissociável da análise do último ano da governação socialista, também ficou marcada, explicitou o líder parlamentar do BE, por “um orçamento curto para as necessidades de salvaguardar os serviços públicos de qualidade”, nomeadamente, na saúde.
Já os apoios, aprovados para fazer face ao desemprego crescente decorrente da paralisação económico-financeira provocada pela covid-19, chegaram “sempre atrasados, quer às pessoas, quer à economia”.
“Há uma execução orçamental, mas também escolhas orçamentais que não estão à altura do momento que o país vive”, completou.
O debate sobre o Estado da Nação está agendado para quarta-feira, na Assembleia da República, e tem duração prevista de quase quatro horas. O Governo e os partidos com representação parlamentar vão analisar em retrospetiva a última sessão legislativa.
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