A cisão do PSD com o passado e a “birra de namorados” que deixou PS isolado
Inquérito ao Novo Banco levantou questões que atiraram deputados para o divã. Houve uma cisão do PSD com o passado ao aceitar os termos "fraude política"? E a birra com o Bloco que deixou PS isolado?
Na última sessão da comissão de inquérito ao Novo Banco, os deputados voltaram ao divã – como já tinham feito, de resto, no início das audições. O PSD renegou a herança de Passos Coelho ao aprovar um relatório final que responsabiliza o seu governo por uma “fraude política” na resolução do BES? E a “birra de namorados” entre o PS e o Bloco de Esquerda, que deixou os socialistas isolados na comissão, vai passar? As duas questões estiveram em cima da mesa esta terça-feira.
Para o PS, o inquérito ao Novo Banco trouxe “uma conclusão que ficará para a história”. “É a grande conclusão da votação das conclusões”, atirou João Paulo Correia. Qual? “Da fraude política da resolução” do BES em 2014 e que vai constar no relatório final que o PSD – na altura no governo com o CDS – aprovou agora.
“E essa [conclusão] originou aqui uma cisão relativamente à coligação que governou o país na altura”, acrescentou o deputado socialista. “O CDS absteve-se e o PSD votou a favor. Ao votar a favor, [o PSD] reconhece que a resolução, a criação do Novo Banco e as perdas que se registaram até hoje vêm dessa fraude política”.
Na sua declaração de voto, os social-democratas, através de Hugo Carneiro, disseram que votaram a favor do relatório final porque a maioria das propostas de alteração que apresentou foram acolhidas.
Já a deputada centrista Cecília Meireles – que até foi secretária de Estado naquele governo – foi mais assertiva a responder a João Paulo Correia, lembrando que os social-democratas (ao lado do CDS e Iniciativa Liberal) votaram contra aquela proposta de alteração sobre a “fraude política”. Para Meireles foi antes uma “tentativa desesperada” de o PS construir uma narrativa, num “exercício degradante”.
Da Iniciativa Liberal, João Cotrim de Figueiredo falou em “banalização da fraude política” e que é “um mau serviço” que está a prestar o Parlamento ao aceitar que se defina a resolução naqueles termos.
Em vez da cisão entre PSD e CDS, o liberal trouxe outro assunto para o divã: “a birra de namorados entre o PS e o Bloco de Esquerda”. Foi com a ajuda do Bloco que as alterações responsabilizando o primeiro governo de Costa – que estava suportado na geringonça – na venda do Novo Banco em 2017 foram introduzidas no relatório final para “desespero” dos socialistas.
“O deputado João Paulo Correia fez um esforço desesperado para criar uma cisão entre partidos que estiveram coligados no passado”, começou por dizer Cotrim de Figueiredo, mas a cisão primeira foi a “birra de namorados entre o PS e o Bloco de Esquerda”. “Temos várias cisões que também se estão a banalizar”, ironizou o deputado da Iniciativa Liberal.
Da parte da manhã, o deputado socialista havia criticado a “aliança” dos bloquistas e o PSD que permitiu a aprovação de várias alterações com críticas ao governo do PS na alienação do Novo Banco. Sem falar em birras ou casamentos, Mariana Mortágua lamentou que o PS tenha “menos capacidade de encaixar críticas que alguns governos do passado”.
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