BE quer fundos do PRR e PAC na transformação da floresta e qualificação do setor

  • Lusa
  • 28 Julho 2021

“É preciso garantir que o dinheiro" do PRR e o da PAC "não é utilizado exatamente com a mesma lógica do passado", diz Catarina Martins.

A coordenadora do Bloco de Esquerda defendeu esta quarta-feira que os fundos do Plano de Recuperação e Resiliência bem como da nova Política Agrícola Comum devem ser aplicados na transformação da floresta e qualificação do setor.

“É preciso garantir que o dinheiro do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e o dinheiro da Política Agrícola Comum (PAC) não é utilizado exatamente com a mesma lógica do passado e que, pelo contrário, se ouvem os especialistas e se faz a transformação da paisagem e a qualificação que é absolutamente necessária”, considerou Catarina Martins, em conferência de imprensa na sede do BE, em Lisboa, depois de ter estado reunida com membros do Observatório Técnico Independente sobre fogos rurais.

A coordenadora do BE apontou que “quatro anos passados dos fogos de 2017 e de todas as promessas”, muito embora existam “novos nomes para programas, novas promessas, na verdade não mudou nada no terreno ou mudou muito pouco”.

“Não houve a transformação na paisagem que o país precisa, não chegou dinheiro para essa transformação da paisagem, não houve a qualificação dos agentes no terreno, não houve uma maior qualificação das entidades que têm responsabilidade no que se passa”, apontou.

Catarina Martins referiu que, numa altura em que é discutida a aplicação do PRR e a nova PAC, “este também é um momento ótimo para o que não foi feito ser feito e tem de ser feito com urgência”.

“Não tem sentido continuar a investir-se exatamente da mesma forma como se tem investido até agora e o discurso ambientalista nunca terá consequências se depois o investimento, os fundos, não forem para onde é preciso”, alertou.

A líder bloquista acrescentou que “compreender que as alterações climáticas são uma realidade, contrariar com uma transformação da paisagem que torne o território mais seguro, é fundamental”, apontando ainda para a propagação da área do eucalipto nos últimos quatro anos, apesar de “todas as promessas” para a conter.

Questionada sobre se teme que estes fundos sejam mal utilizados, Catarina Martins apontou que quanto ao PRR, o que se sabe é que “na prevenção de fogos, só se fala de limpar combustível, não se fala, por exemplo, de diversificar a floresta e de a tornar mais resistente”.

Já quanto à reforma da PAC, apesar de ainda não estar fechada, Catarina Martins disse que as verbas “que seriam fundamentais para o desenvolvimento rural, para a transformação da paisagem, para investimento naquelas áreas que em Portugal têm ardido consecutivamente” estão a ser desviadas para “os latifundiários do Sul do Tejo, para pastagens improdutivas e portanto, para um modelo de renda, de privilégio para uns poucos proprietários agrícolas em detrimento do desenvolvimento rural”.

Catarina Martins lembrou que o Observatório Técnico Independente sobre fogos rurais “foi criado depois dos incêndios há quatro anos em que houve a consciência política clara de que era preciso mudar completamente a forma como se olhava para o território, para a paisagem, para a floresta, para a prevenção e mesmo para o combate aos incêndios”. “Achamos que o Observatório se deve manter, proporemos isso mesmo e proporemos também no parlamento que seja debatido este último relatório”, adiantou.

No âmbito do combate aos incêndios, Duarte Caldeira, membro do Observatório Técnico Independente sobre fogos rurais, considerou essencial que seja assumido que o problema dos incêndios se resolve a montante do combate”, sendo, no entanto, “indiscutível que não pode ser descurado o investimento” no mesmo.

O responsável apontou ainda para a necessidade de investir na qualificação e formação dos bombeiros e dos sapadores florestais, terminando com a precariedade destes últimos profissionais.

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