HyChem investe 12 milhões para produzir mais de 2.000 toneladas de hidrogénio verde às portas de Lisboa

A empresa tem já uma produção anual de 1000 toneladas de hidrogénio por ano, ainda de fontes não renováveis. "Acrescentaremos o verde assim que arrancar a central solar", diz a HyChem.

A HyChem, ex-Solvay, e o seu acionista Green Aqua Company, anunciaram esta sexta-feira um investimento de cinco milhões de euros na construção de uma central solar que já está em construção (ficará pronta no final do verão) e que no espaço de 18 meses crescerá de 2 MW até 10 MW e cuja energia renovável servirá, no futuro, para produzir hidrogénio verde.

“Este projeto está na base de um “piloto” – por semelhança, assim poderá ser designado – do megaprojeto de hidrogénio verde que o Governo português deseja ver a funcionar em Sines”, anunciou a empresa num evento no complexo industrial químico da Póvoa de Santa Iria que contou com a presença do ministro do Ambiente e da Ação Climática, Matos Fernandes, e do secretário de Estado da Energia, João Galamba.

Neste momento a empresa tem já uma capacidade instalada de 1700 toneladas de hidrogénio (ainda obtido a partir de fontes não renováveis) e uma produção de 1000 toneladas por ano. “Acrescentaremos o verde [ao hidrogénio] assim que arrancar a central solar”, explicou ao ministro um dos responsáveis da HyChem durante a visita.

Com os novos projetos de hidrogénio verde, a produção poderá mais do que duplicar para 2.200 toneladas por ano. O objetivo é que este gás renovável seja usado na mobilidade de baixo carbono e injetado na rede de gás natural.

“O hidrogénio verde que aqui será produzido, com uma ligação pouco complexa, pode abastecer até 15% da rede de gás da Parque Expo sem ninguém dar por nada, nem ter de trocar nenhum queimador do fogão ou do esquentador. Numa zona industrial do país, na área metropolitana de Lisboa, esta é uma indústria em transformação, indo ao encontro da ideia que a economia tem de crescer neutra em carbono e regenerando recursos”, disse o ministro no fim da visita ao complexo, salientando os vários projetos de hidrogénio verde que estão a ser desenvolvidos por todo o país e não só em Sines.

No espaço de seis meses vai também arrancar no complexo industrial da HyChem o projeto-piloto de um posto de abastecimento de veículos a hidrogénio (produzido a partir de biogás) desenvolvido pela Dourogás, avançou ao ECO/Capital Verde, o CEO, Nuno Moreira.

Além da energia solar, a empresa está também a estudar um investimento de mais oito milhões de euros num parque eólico situado em Lousa, perto do complexo industrial, que terá uma capacidade instalada de 10,5 MWp. Juntas, as duas energias — solar e eólica — garantirão 33% das necessidades de energia da empresa.

O investimento insere-se no projeto de desenvolvimento de um conjunto de soluções de mobilidade de baixo carbono denominado Move2lowC, que prevê um investimento total de 12 milhões de euros (com apoio da União Europeia) e junta 22 parceiros da indústria, grandes consumidores de combustíveis (entre os quais a TAP) e entidades do meio científico e tecnológico

Na área específica do hidrogénio, “a HyChem propõe-se investir na produção de hidrogénio verde, na adoção de novas tecnologias “limpas” e na introdução de novos produtos de base biológica, numa perspetiva de economia circular”. O investimento tem ainda por objetivo aumentar a capacidade de produção autónoma, designadamente através de uma instalação de eletrólise da água.

Já sob a coordenação do acionista A4F Algae for Future, a HyChem iniciou o desenvolvimento de um conjunto de soluções de mobilidade de baixo carbono no complexo industrial químico às portas de Lisboa, onde decorre já o processo de aquisição de um ‘steam reformer’ para a produção de hidrogénio verde a partir de biogás e a construção de uma unidade de fermentação e de uma biorrefinaria para a produção de bio jet fuel.

O projeto Move2lowC, financiado pelo programa Portugal 2020, representa um investimento total de 12 milhões de euros (8,2 milhões de investimento elegível e 4,4 milhões de incentivo ao financiamento) e “pretende desenvolver soluções inovadoras na área da biotecnologia para a produção de biocombustíveis para a aviação, quer a partir de biomassa de microalgas, quer por via da fermentação utilizando resíduos florestais. Já para a rodovia, a aposta consiste no hidrogénio verde e na produção de gás natural renovável, diz a HyChem.

Até 2020, a empresa registou investimentos totais de 37 milhões de euros, prevendo investir até 2025 mais de 100 milhões de euros em toda a sua atividade.

Para a empresa, que através dos seus parceiros e acionistas, desenvolve já projetos de sustentabilidade com Galp e a Secil, entre outras, “a co-localização de atividades da bioeconomia e da indústria tradicional representa uma enorme vantagem para a sustentabilidade: a criação de um cluster bioindustrial englobando empresas situadas na margem direita do Tejo, de Sacavém a Alhandra, numa extensão superior a 12 quilómetros, constitui um desafio e uma clara oportunidade na transição para a neutralidade carbónica”.

A visita de Matos Fernandes e João Galamba aos projetos de economia circular, transição energética e biotecnologia na Póvoa de Santa Iria na instalação industrial da HyChem e do ALGATEC Eco Business Park, na Póvoa de Santa Iria, realizou-se bordo de um autocarro movido a hidrogénio, da Caetano Bus, que no futuro poderá se abastecido no local graças ao novo posto de carregamento de hidrogénio que está a ser desenvolvido pela Dourogás, no âmbito do projeto Move2lowC.

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