Do cinzento ao turquesa, quanto custa produzir cada tipo de hidrogénio?

Produzir hidrogénio pode custar entre 1,5 euros por kg, se for o mais poluente, e 5,5 euros por kg, se não tiver emissões, de acordo com os cálculos dos Serviços de Pesquisa do Parlamento Europeu.

Apesar de ser um gás transparente, o hidrogénio pode ser classificado em vários tipos e, dependendo da forma como é obtido, assume diferentes cores, do cinzento ao verde, passando pelo azul e pelo turquesa.

De acordo com os Serviços de Pesquisa do Parlamento Europeu, que publicaram recentemente o estudo “Hydrogen as an energy carrier for a climate-neutral economy”, neste momento, a tecnologia dominante, responsável por cerca de 96% da produção de hidrogénio na Europa, é a produção de hidrogénio a partir da queima de gás natural ou carvão. Embora mais barato, este processo gera emissões significativas de CO2.

O hidrogénio produzido desta forma é conhecido como “cinzento”, se o CO2 for libertado para a atmosfera, ou como “azul”, se for “combinado com uma tecnologia de captura e armazenamento de carbono”. No primeiro caso o custo de produção ronda os 1,5 euros por kg, dependendo do preço do gás e das emissões de carbono. “Este processo de produção resulta em emissões de cerca de 9,3 kg CO2 por kg de hidrogénio”, atesta o documento dos Serviços de Pesquisa do Parlamento Europeu.

Revela a pesquisa que o hidrogénio “azul” usa os mesmos processos de produção que o “cinzento”, mas o CO2 é capturado e armazenado permanentemente. A sua produção custa cerca de 2 euros por kg, o que o torna mais caro do que o hidrogénio “cinzento”, mas mais barato do que o “verde”.

“Onde houver capacidade de armazenamento de CO2 disponível, as instalações de produção de hidrogénio existente poderiam ser convertidas em hidrogénio azul, reduzindo assim os custos de investimento”, dizem os investigadores.

A grande coqueluche da transição energética em curso na União Europeia é agora o hidrogénio limpo ou “verde”. Este é produzido a partir da água e da eletricidade através de um processo chamado eletrólise. É o tipo e hidrogénio menos poluente, porque não emite quaisquer gases poluentes, mas também o mais caro. Isto porque, diz a análise dos investigadores europeus, o custo dos eletrolisadores ainda é bastante elevado e o processo de eletrólise só será vantajoso do ponto de vista económico se a eletricidade usada tiver um preço reduzido para permitir a utilização do eletrolisador ao máximo.

O hidrogénio renovável, ou hidrogénio verde, é hoje produzido a um custo que varia entre 2,5 e 5,5 euros por kg.

Por último, surge agora o hidrogénio turquesa, produzido pela pirólise do gás natural, com carbono puro como produto colateral que pode ser vendido como sub-produto. “Este tipo de hidrogénio está ainda num um estágio muito inicial de desenvolvimento, mas tem potencial para se tornar num processo economicamente viável”, refere o estudo.

Presentemente, o hidrogénio representa menos de 2% do consumo atual de energia da UE e é usado principalmente como matéria-prima em processos industriais, nomeadamente refinação de petróleo, produção de amoníaco e metanol, mas também como um “meio de transporte” de energia para alimentar naves espaciais.

De acordo com dados oficiais da UE, cerca de dois terços do hidrogénio nos países europeus são produzidos no local para processos de produção específicos. Quanto a pipelines dedicados, existem apenas na Bélgica (600 km) e na Alemanha (400 km).

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