Produção de calçado caiu 13,2% para 66 milhões de pares em 2020
O impacto da pandemia de Covid-19 no setor foi assim “menor do que se esperava”. Calçado português "resistiu melhor" que os concorrentes internacionais.
A produção de calçado em Portugal recuou 13,2% em 2020 para 66 milhões de pares, cerca de metade da descida verificada nos principais concorrentes – Itália e Espanha -, segundo dados divulgados esta sexta-feira pela associação do setor.
“A nível da produção, Portugal registou uma quebra de 13,2% para 66 milhões de pares, cerca de metade da quebra registada por Itália (quebra de 26,8% para 131 milhões de pares) e de Espanha (- 26,5% para 72 milhões de pares)”, indicou, em comunicado, a Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos (APICCAPS), citando dados do ‘World Footwear 2021 Yearbook’.
De acordo com a associação, Portugal mantém-se, entre os principais produtores, em segundo lugar no que se refere ao maior preço médio de exportação.
Por segmento, no caso do couro, Portugal aparece como o 9.º exportador mundial, com uma quota de 3,1%, enquanto no waterproof está no 4.º lugar, com uma quota de 3,7%.
A nível mundial, a produção e as exportações cederam, respetivamente, 15,8% para quatro mil milhões de pares e 19% para 12.100 milhões de pares, no ano passado.
“Em 2020, o painel de especialistas inquirido pela publicação (‘World Footwear Experts Panel’) apontava para uma quebra no consumo mundial de calçado superior a 20%”, notou a APICCAPS.
O impacto da pandemia de Covid-19 no setor foi assim “menor do que se esperava”.
A Ásia, onde são fabricados nove em cada 10 pares de calçado, destaca-se com um aumento de 0,2 pontos percentuais na participação na produção mundial.
A China permanece no pódio como o maior produtor mundial (54,3%), apesar de, em 2020, ter reduzido a produção em mais de 2.000 milhões de pares e ter perdido peso na “cena competitiva mundial”, o que se justifica pelo deslocamento da produção para países vizinhos.
Ao nível das exportações mundiais, verificou-se uma queda de 62% para 59%, com a Ásia a liderar.
Este decréscimo verificou-se em quase todos os continentes, com exceção da Europa, cuja participação nas exportações progrediu quatro pontos percentuais desde 2011.
Em 2020, apesar de a China voltar a ser líder das exportações de calçado, destaca-se o Vietname que superou, pela primeira vez, 10% das exportações mundiais em volume.
No total, o calçado exportado em 2020 retrocedeu 19%, face ao ano anterior, para 12.100 milhões de pares.
“A evolução do preço médio de exportação por par continua a apresentar uma tendência ascendente, crescendo a uma média de 3,3% ao ano desde 2011. Em 2020, apesar das tendências negativas, o crescimento dos preços acelerou 6%, com o preço médio a exceder, pela primeira vez, os 10 dólares”, revelou.
Por sua vez, no que concerne ao consumo, verificou-se, no ano passado, um “forte impacto” na América do Norte e na Europa.
Segundo o mesmo documento, o consumo ‘per capita’ de calçado varia entre 1,5 pares em África e 4,3 pares na América do Norte.
Neste período, o consumo da Ásia representou mais de metade (55,8%) do total mundial, enquanto a Europa e a América do Norte contabilizaram 13,6% e 13,1%, respetivamente.
A União Europeia, por seu turno, representa o quarto maior mercado consumidor de calçado com 1,763 milhões de pares consumidos em 2020.
Já os Estados Unidos apresentaram um consumo inferior a 10%, enquanto a China ultrapassou os 20%.
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